Esperança para vítimas da febre amarela, o remédio Sofosbuvir, tradicionalmente usado no tratamento contra hepatite C, pode ficar mais barato e, assim, chegar ao alcance de mais pessoas que sofrem e lutam contra a doença. Hoje, no mercado, uma caixa com 28 comprimidos custa de R$ 60 mil a R$ 85 mil. Valor inviável para a esmagadora maioria da população brasileira.
Com sede no Rio de Janeiro, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vai desenvolver um medicamento genérico para ampliar a oferta que atualmente é dificultada, dentre outros motivos, pelo preço de importação da substância.
A Fiocruz afirma que o valor elevado é o principal impedimento para que mais pacientes usufruam dessa medicação no país. O órgão estima que, em um universo de 1,6 milhão de pessoas infectadas pelo vírus da hepatite C, somente 30 mil recebam o Sofosbuvir.
A produção de genérico do Sofosbuvir, entretanto, enfrenta um impasse judicial. Os direitos de produção são, até o momento, da empresa norte-americana Gilead. Por esse motivo, desde 2015 o Ministério da Saúde é obrigado a importar o remédio para uso no SUS.
No entanto, a Anvisa se posicionou contra o pedido de renovação de patente do medicamento para que a produção pudesse ser iniciada também pela Fiocruz. Agora, cabe ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) a decisão definitiva sobre o caso.
Enquanto o imbróglio não tem desfecho, milhares de pessoas padecem da doença, de altíssima gravidade e letalidade. Só em Belo Horizonte, três pessoas já morreram e quatro permanecem internadas por causa da febre amarela. Em todo Estado, já são 86 mortos.
Além da dor e da perda irreparável para vítimas e familiares, há também o alto custo financeiro. Minas já gastou, em menos de dois meses, R$ 11,8 milhões no combate à doença. Valor equivale a 85% do montante aplicado ao longo de 2017 na mesma finalidade.
Que as investidas da Fiocruz tenham êxito e que, em breve, o genérico possa deixar de ser esperança para se tornar realidade no enfrentamento da doença.