Individualismo e falta de opções no trânsito

17/08/2018 às 20:49.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:59

Em cidades cuja organização é voltada prioritariamente para os veículos automotores, e que parecem cultivar a dependência dessa alternativa para quaisquer deslocamentos, em detrimento do transporte coletivo, não é estranho constatar a grande quantidade de automóveis circulando com apenas um ocupante. 
Esse, infelizmente, tem sido o caso de Belo Horizonte, que já chega a uma frota de 1,9 milhão de veículos, 81% a mais que há dez anos.

Segundo reportagem desta edição, dados de 2012 sobre o assunto, os últimos disponíveis, mostram que, de 1,8 milhão de viagens realizadas por meio de carros na capital, diariamente, nada menos que 70% são feitas apenas com o motorista no carro. 

Disso se depreende que, se cada um desses veículos levasse mais três pessoas, além do condutor, a quantidade de viagens cairia para menos da metade, por dia.
Seria um paraíso, claro, sobretudo nos horários de pico, quando as vias ficam abarrotadas de carros, ônibus, motocicletas e caminhões, roubando preciosos minutos – às vezes horas – da vida de milhares de pessoas.

Atingir esse cenário ideal, porém, é tarefa cheia de empecilhos. Especialistas apontam, por exemplo, gargalos como a baixa qualidade dos sistemas públicos de transporte, seja por ônibus, seja por metrô. 

Outro obstáculo é a dificuldade para que os cidadãos organizem esquemas eficazes e abrangentes de caronas solidárias, como ocorre em diversos países desenvolvidos. A questão, diz quem entende do assunto, é, em primeiro lugar, o fato de que já foi criada certa mentalidade individualista entre os motoristas brasileiros. 

Some-se a isso o fato de que conciliar horários e destinos semelhantes, para que as pessoas possam dividir carros, também é algo de difícil execução. Correto mesmo seria que o poder público oferecesse à população melhores opções de transporte, que fizessem com que os cidadãos repensassem a arraigada preferência pelo carro. 
Trata-se, contudo, de algo que não deve ser resolvido a curto prazo. Mas já ajudaria, e muito, criar na população a consciência de que muitas vezes seus veículos particulares são usados sem necessidade, ou de que boa parte das viagens poderia ser compartilhada. 
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