Relatório divulgado ontem pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra mudanças um tanto curiosas no perfil do eleitorado brasileiro e, especialmente, do mineiro para o pleito deste ano, em relação aos dois últimos (2014 e 2016).
Além de apontar crescimento no número de votantes – são cerca de 147 milhões no país, 3% a mais do que há quatro anos, e 15,7 milhões em Minas, ante 15,24 milhões em 2014 – e predominância também demograficamente prevista de mulheres entre a população que vai às urnas em 7 de outubro (52% do total, tanto no Brasil quanto no Estado), o levantamento traz alterações que chamam a atenção quando o assunto é o grupo etário.
Em todo o país, o número de jovens de 16 a 17 anos que conquistaram voluntariamente o direito de votar, já que a obrigação começa aos 18 anos, é de 1,4 milhão, menos de 1% do eleitorado e 14% inferior à quantidade dessa mesma faixa populacional registrada em 2014.
Já em Minas, a queda é bem maior: são, hoje, 112,8 mil adolescentes preparados para ir às urnas, ante 259 mil em 2016 (mais que o dobro de agora). Além disso, trata-se do menor contingente de integrantes desse público no Estado a tornar-se apto a eleger políticos desde o início da série histórica do TSE, iniciada em 1989 – eleições que foram um marco do processo de redemocratização – com 420 mil pessoas (quase quatro vezes mais).
Já entre a população com mais de 70 anos, para a qual o voto também é facultativo, o montante subiu: são 1,5 milhão de eleitores (9,7% do total do Estado) este ano, e em 2016 eram quase 1,4 milhão.
Para os idosos, a explicação para o crescimento é o envelhecimento da população. E justificativa na mesma linha pode até valer para os mais jovens, cujo número tem caído seguidamente no país.
Mas a discrepância dos números é tão grande que, certamente, reflete também o aumento do desinteresse desse público pela política.
Trata-se, portanto, de mais um desafio para candidatos, atuais e futuros: fazer com que a juventude, cada vez mais decepcionada com os rumos do país, retome a gana e a vontade de participar dos processos de escolha de seus representantes. Se isso for feito, quem agradece é a democracia.