Minas e o país à beira de uma ‘tragédia’

20/03/2017 às 20:37.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:49

Passados alguns dias do baque do estouro da operação ‘Carne Fraca’ contra algumas empresas do setor, incluindo as duas maiores, as análises do teor das investigações indicam que o problema de adulteração de carnes pode não ser tão amplo quanto se pensou logo após a coletiva da Polícia Federal, na última sexta-feira. Afinal de contas, apenas 24 empresas foram alvo da força-tarefa, entre centenas de indústrias em todo o país.

De nenhuma maneira isso quer dizer que houve erro por parte dos agentes federais. Alguns indícios de irregularidades são bem fortes – como a troca das etiquetas das carnes com as datas de validade vencidas. Mas a corporação pode não ter previsto o tamanho da repercussão que uma operação dessa poderia ter para toda a sociedade brasileira e, principalmente, na economia do país. 

Há alguns anos, o setor de carne mineiro esteve por muito tempo impedido de exportar carnes para diversos países por causa de casos de febre aftosa em outros Estados. Mas os países consumidores encaram um país produtor como unidade, não interessando as dimensões territoriais. Hoje, Minas não tem registro de casos há 20 anos, o que permite vendas aos principais mercados. Somos o segundo Estado exportador de carne do país líder desse comércio no mundo, com uma cadeia produtiva que envolve milhares de pessoas, desde o pequeno produtor rural ao gerente da indústria. 

Se o comportamento do mercado for semelhante ao da febre aftosa, estaremos encrencados. Isso mostra com é complexo e abrangente esse setor que hoje, após a operação, tem a sua credibilidade em xeque por causa de práticas escusas praticadas por uma minoria. E essa parte menor é capaz de causar um grande estrago econômico. 

Talvez tenha faltado aos agentes da Polícia Federal um pouco mais de conhecimento do que é o mercado de carnes no mundo e a importância dele para o Brasil, o que resultaria em maior cautela na divulgação de informações para evitar pânico e generalizações. 

Minas faturou mais de US$ 200 milhões nas vendas de carne no ano passado, dinheiro que corre o risco de não entrar neste ano no Estado. Agora, corremos o risco de perder esse montante, o que em meio a essa crise econômica gigantesca, seria uma verdadeira “tragédia”, como disse ontem o ministro da Agricultura, Blairo Maggi. 

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