A pandemia de Covid-19 trouxe à luz outro quadro de saúde já presente bem antes da chegada do novo coronavírus, que inicialmente gerou inclusive incertezas e confusão em termos de diagnóstico: a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
Condição marcada pelo comprometimento da função pulmonar, com o órgão incapacitado de executar a troca gasosa entre o oxigênio que deve ser dirigido à corrente sanguínea e o gás carbônico que deve ser expelido. Vários casos de mortes creditadas à condição foram, com a devida testagem, atribuídos mais tarde ao vírus, que é um dos gatilhos para a síndrome.
Qualquer que seja a causa, a SRAG apresenta, de acordo com os dados da Secretaria de Estado da Saúde, uma taxa de mortalidade que chega aos 40%. Os números registrados o fim da semana passada apontam para mais de cinco mil casos em Minas não relacionados à Covid. Ainda que alguns deles venham a ser revistos, uma estatística preocupante. Como as 578 mortes registradas em 2019.
O agravamento da síndrome exige tratamento semelhante ao adotado nos casos graves do novo coronavírus, com a internação em unidade de terapia intensiva e a intubação com uso de respiradores.
Ainda que em números inferiores aos registrados na pandemia, torna-se necessário contar com estrutura hospitalar similar, em termos de equipamentos e profissionais treinados. E não se pode perder de vista o fato de que a baixa umidade, o aumento da temperatura e os efeitos de incêndios cujas cinzas podem se espalhar por milhares de quilômetros aumentam o alerta.
É fundamental que o monitoramento agora feito embase ações capazes de permitir o atendimento adequado no médio e no longo prazo. Que aparelhos adquiridos (inclusive para o hospital de campanha do Expominas) e profissionais contratados sejam usados no enfrentamento à condição igualmente séria. Embora se trate de endemia (e até por isso) justifica cuidado constante. A SRAG e outras condições cuja incidência é elevada (a dengue uma delas), e que podem ter ficado em segundo plano diante de desafio momentâneo maior.