O Carnaval tem que acontecer sim!

24/02/2017 às 23:14.
Atualizado em 16/11/2021 às 00:43

Começa hoje, pelo menos oficialmente, o Carnaval, a maior manifestação popular da cultura brasileira. Mas a festa deste ano ocorre em meio a uma das maiores, também, crises da nossa história recente, tanto econômica quanto política. Isso gera alguma revolta de pessoas que não consideram adequado fazer festa quando temos quase 13 milhões de desempregados e outros milhões passando dificuldades financeiras. Nas nossas redes sociais, muita gente chama o brasileiro de “bobo, “alienado” ou “ignorante”. 

Realmente, não há motivos para festa, se formos analisar friamente o contexto histórico, político e financeiro. Mas o Carnaval não é apenas uma data de comemoração. São dias em que o brasileiro também extravasa seus sentimentos, bons na maioria das vezes, e até fazer piada da própria desgraça. 

Carnaval também é uma forma de expressão. E não começou nos tempos de corrupção na Petrobras. É assim desde que a festa se consolidou, no século passado. Nas décadas anteriores, as marchinhas e os sambas enredo demonstravam muito bem as mazelas da sociedade brasileira, do massacre aos negros e dos pobres, das negociatas políticas, das dificuldades da vida no país. 

Olhem, por exemplo, o Carnaval de Belo Horizonte, que arrastará milhões neste ano. A festa renasce de um sentimento de um grupo de pessoas indignadas porque a cidade não tinha manifestações do tipo e era considerada um refúgio ideal para os que odeiam folia. 

E além de mais de dois milhões de pessoas se divertindo, teremos outras milhares trabalhando vendendo bebidas, nas festas, na segurança privada, no transporte de estruturas, nas produções culturais, etc. O Carnaval acaba movimentando toda uma cadeia produtiva, garantindo renda para muitas famílias. Ou seja, a folia também combate a crise econômica. 

O Carnaval tem que acontecer sim. Ele é concretização de uma característica do brasileiro de fazer festa, sorrir e ser alegre mesmo em tempos difíceis. E vários estrangeiros nos invejam justamente por essa comportamento. Se perdermos isso, aí sim, será o fim do país. 

Alegria, responsabilidade e muito respeito ao próximo nesses dias. E que chegamos à Quarta-feira de Cinzas, pelo menos, felizes. Bom Carnaval! 
 

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