O reconhecimento do Complexo Moderno da Pampulha como patrimônio mundial deve ser encarado apenas como uma etapa. Muita gente pode não ter se tocado, mas o título pode ser retirado pela Unesco caso haja uma depreciação dos bens tombados. Portanto, não é exagero considerar que todo o esforço de servidores de órgãos públicos da área de patrimônio foi apenas o começo de um trabalho que deverá ser permanente. Além disso, talvez a parte mais complicada, principalmente pelo momento econômico pelo qual o Brasil passa, seja justamente a de agora.
Conforme adiantamos nesta edição, a cidade de Belo Horizonte tem até o mês de dezembro deste ano para resolver alguns pontos para que o título seja mantido. A missão não será fácil já que não há dinheiro suficiente nos cofres municipais para fazer tudo o que precisa ser feito. Além disso, o município também não tem muito para onde correr pois os recursos para esse setor de patrimônio histórico nos órgãos estaduais e federais também passam por redução.
A prefeitura, Estado e União terão que priorizar os investimentos, considerando que a retirada do reconhecimento do conjunto arquitetônico seria uma verdadeira vergonha para todos os envolvidos. Por isso, algumas decisões precisam ser tomadas logo e não podem se arrastar mais do que já se arrastaram.
A questão das capivaras, por exemplo, é uma delas. Haverá o dia em que será preciso definir de vez se os animais vão ou não permanecer no local, colocando em risco os jardins e o paisagismo projetados por Burle Marx. Se a retirada for definida, ela precisa ser feita respeitando as capivaras, mas de uma maneira ágil. Não dá para esperar até o fim do prazo.
A decisão sobre de parte do Iate Clube que está fora do projeto original também precisa ser tomada logo para que as obras sejam iniciadas e o local volte a ter os contornos originais.
Essa não é a hora de empurrar o caso até o prazo final ou de tentar algum relaxamento em relação às exigências. O jeitinho brasileiro não é bem quisto na maioria dos países e com a nossa reputação do jeito que está, devido aos recentes escândalos, podemos é gerar uma reação contrária e colocar tudo a perder com falta de ação em relação de algo que já foi determinado e precisa ser cumprido.