O efeito colateral da alta do combustível

26/07/2017 às 19:31.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:46

O brasileiro mal teve tempo de comemorar a liminar concedida por um juiz do Distrito Federal, derrubando o aumento nas alíquotas de PIS/Cofins sobre os combustíveis, que fora anunciado na semana passada pelo governo federal como salvador das contas públicas. 

Na noite de ontem, numa vitória do Palácio do Planalto, o desembargador Hilton Queiroz, presidente do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1), jogou por terra a decisão de primeira instância e a esperança dos motoristas, e o decreto do presidente Michel Temer com a elevação dos tributos voltou a valer. 

Como não há nada tão ruim que não possa piorar, a Petrobras anunciou ontem mesmo o aumento dos preços dos combustíveis nas refinarias, de 0,6% para a gasolina e de 3,5% para o diesel, já partir de hoje. 

É o 17º reajuste de preços da estatal desde que foi anunciada a mudança na política de preços. De acordo com a nova metodologia da petrolífera, as alterações nos valores podem acontecer até diariamente.

Assim, o temido efeito cascata, que já seria forte somente considerando a alta dos tributos federais, cairá agora como uma bomba no colo do consumidor. 

O diesel é o combustível utilizado para o transporte rodoviário e em outros setores de produção. Portanto, seu preço afeta diretamente a economia nacional. 

A estimativa inicial da Agência Nacional de Transporte de Cargas, entidade que atua no ramo de consultoria em agenciamento de cargas, era  de que o aumento do PIS/Cofins sobre o diesel poderia gerar uma alta de até 4% no preço do frete. 

Entretanto, a elevação de 3,5% desse mesmo combustível nas refinarias, conforme anunciado pela Petrobras, certamente deixará a conta final ainda mais salgada. 

Na ponta, os reajustes irão encarecer principalmente alimentos com menor valor agregado, como arroz, farinha e outros ingredientes da cesta básica. 

Além disso, os produtos ficarão mais caros principalmente no Norte e Nordeste, regiões mais pobres e mais distantes dos polos produtores no Sul e Sudeste. 

Ou seja, num país onde a desigualdade social já é imensa, é a população de baixa renda quem mais vai pagar o pato. 

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