O governo do pão com mortadela de R$ 16

28/12/2016 às 20:23.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:15

Se você, no seu trabalho, coordena ou chefia algum setor sabe que não basta orientar e apresentar as diretrizes do que precisa ser feito. É preciso dar exemplo e também fazer aquilo que é cobrado de seus subordinados. Caso contrário, corre-se o risco de perder completamente a credibilidade e o respeito de sua equipe, e os resultados não virão. 

Pois o governo federal é um péssimo exemplo nesse quesito. Tanto a atual gestão, como a anterior, deposta em um processo de impeachment. Juntas, já gastaram R$ 47 milhões em eventos, festas e comemorações em 2016 – contabilidade feita de janeiro a novembro, ou seja, sem as festividades de fim de ano. 

A reportagem do Hoje em Dia traz alguns dados comparativos. O dinheiro daria para construir 657 casas populares e, pasmem, é maior que o orçamento de prevenção e combate a incêndios e ao desmatamento do Ministério do Meio Ambiente para o ano que vem. E os ambientalistas sabem que previsão de gastos, principalmente nesta área, está longe de ser garantia de investimento. 

Longe de achar que R$ 47 milhões iriam resolver nossos problemas ambientais ou de habitação. Mas essas despesas mostram claramente a importância que uma gestão dá a cada área.

Onde se gasta e quanto gasta são formas de sinalizar qual é a marca de uma administração. E, olhando as despesas, a gestão Michel Temer poderá ser marcada mais pelo pote de sorvete que custa 33% a mais que no supermercado ou pelo pão de mortadela de R$ 16, custo dos alimentos que seriam comprados para satisfazer a comitiva no avião presidencial, do que pelo discurso de austeridade que ele mesmo pregou quando assumiu. 

É inacreditável como licitações como essas são autorizadas por órgãos ou comissões compostas por pessoas que tenham o mínimo de noção de custo e que estariam, em teoria, afinados com o que prega o presidente. Pelo jeito, ninguém responsável deve ter ido a uma padaria na vida.

Se quem pregou que o momento é de sacrifício, e que todos devem conter gastos ou cobra hoje dos Estados medidas austeras para fornecer ajuda em troca, não vê as abusos financeiros cometidos na sala ao lado, fica difícil fazer com que todo o país se convença que é apto para liderar uma recuperação, justamente, econômica. 

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