O pior está por vir

26/03/2020 às 21:40.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:06

Com 153 casos confirmados de Covid-19 e 17 mil suspeitos, Minas Gerais já enfrenta consequências devastadoras da pandemia que aflige o mundo. 
A demissão de 3 mil trabalhadores da área hoteleira é prova do estrago econômico – e sobretudo social – que o novo coronavírus irá nos deixar. Até abril, mais 5 mil cortes deverão acontecer. 

Para alguns, a medida, drástica, foi tomada de forma precipitada, antes que outras estratégias tivessem sido pensadas. Afinal, embora prometa ser longo, o distanciamento social que adiou viagens a trabalho e a lazer mal começou. 

No entanto, parece indiscutível que as dispensas funcionem – mesmo que esta não seja a intenção – como uma forma de pressionar o poder público a “rever” certas decisões tomadas durante a pandemia. A principal delas, o fechamento de vários tipos de comércio e serviços, fator determinante para que o isolamento recomendado por autoridades de saúde vingasse.

Recuar nesta ordem parece ser a pior das opções neste momento. No domingo, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, anunciou que um colapso do sistema de saúde deve acontecer a partir de 6 de abril. Portanto, recolher-se em casa seria a medida mais eficaz para deter a curva de crescimento dos casos, pulverizando os novos registros e dando a chance de os leitos de UTI “girarem”, ou seja, receberem mais pacientes após a alta dos primeiros.

Mesmo que o discurso tenha sido abrandado depois – em especial pelo presidente, numa fala classificada de “irresponsável” e “absurda” mundo afora –, parece óbvio que o caos ainda está por vir. Ontem, o prefeito de BH, Alexandre Kalil, afirmou no Twitter que “o pior começa na quarta-feira” (que vem), segundo “técnicos e especialistas”. Reforçou o pedido para que ninguém relaxe quanto ao enclausuramento e emendou: “No ritmo atual, se não levarem o isolamento a sério, o número de mortes crescerá entre quarta-feira e sábado da semana que vem”, citando que na Europa já são 1.500 óbitos por dia.

É lamentável que estejamos passando por tudo isso, mas é preciso nos esforçarmos para que a tragédia anunciada não vire uma catástrofe. Vendas, viagens, passeios, turismo, rituais da Semana Santa podem ficar para depois. Salvar vidas, não. 
 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por