O sentimento já mudou no Congresso

15/03/2017 às 20:12.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:45

Quem leu a edição impressa do Hoje em Dia não se surpreendeu ao acompanhar a cobertura dos protestos de ontem por nossas plataformas digitais. Dissemos que uma adesão significativa à mobilização contra a reforma da Previdência poderia “ferir” gravemente o projeto do governo de votá-la com alguma celeridade. A repercussão na classe política, que mostramos hoje, prova que o clima realmente mudou. 

Apesar de estarem longe de movimentos semelhantes que provocaram passeatas de milhões de pessoas, como ocorreu em 2013, as mobilizações registradas ontem em todo o país serviram para reagrupar sindicatos e associações que estavam sumidos das ruas nos últimos anos. E houve demonstração de força. 

Os corredores de Brasília são tão sensíveis quanto os das bolsa de valores. No fim do ano passado, havia uma discussão em torno dos pontos da reforma. Ontem, conforme dá para perceber nos depoimentos que colhemos, a discussão já era se vale a pena ou não colocar o texto em discussão. 

Em resposta, Temer voltou a dizer em evento oficial que “a reforma é urgente” e que ela “não vai tirar direito de ninguém”. Ou seja, o governo acha que todos os que são contra as mudanças estão mal informados. Então, cabe ao governo fazer esse esclarecimento. 

A ida do presidente à rede de rádio e TV seria inclusive uma das medidas, segundo algumas lideranças do Congresso, que ajudaria a apaziguar os ânimos para facilitar a negociação com os parlamentares. Porém, com a cara na tela, Temer teria que tocar nos pontos polêmicos e fazer compromissos claros para a população.

Junte a todo esse imbróglio a citação da cúpula do governo e de muitos dos seus apoiadores nas delações da Odebrecht à operação Lava Jato. Os pedidos de abertura de inquérito atingem muitos dos nomes que serviriam como base do governo para que a reforma progredisse no Legislativo. Hoje o número de líderes governistas no Congresso em condições de conduzir esse debate é reduzido. 

O dia de ontem está longe de ser um fato isolado. Talvez ele marca a entrada de parte da população na discussão da reforma da Previdência. Se o governo quiser manter chances de vitória, precisa agir rápido. Caso o movimento ganhe força, o Planalto pode dar adeus às suas intenções de alterar a Previdência nesta ano.

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