Pelo direito ao tratamento e à prevenção

25/05/2018 às 23:19.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:17

Direito assegurado pela Constituição, a saúde está longe de ser respeitada como deveria. E não nos referimos à garantia de tratamento a todos os brasileiros, como o SUS prevê – ao menos no papel e na lei que o criou e o coloca como um modelo (teórico) digno de inveja mundo afora. Falamos da prevenção, que em um cenário de verba escassa muitas vezes acaba sendo deixada em segundo plano, embora seja capaz de evitar despesas vultuosas para os cofres públicos.

Matéria veiculada nesta edição do Hoje em Dia mostra que, em 2018, 16 mil mineiros já ficaram sabendo que sofrem de glaucoma. A doença é a terceira causa de perda de visão, de forma definitiva, no país. 
O recomendável é que todas as pessoas, sobretudo as que têm parentes com o problema, se submetam a consultas e exames de rotina para avaliar a saúde ocular. E é aqui que mora o “x” da questão. Com que frequência esse direito é assegurado, em um país onde, desde o surgimento do SUS, em 1988, a espera por uma consulta médica especializada demora meses e até anos?

Mas se o glaucoma não tem cura, afinal, qual o sentido de se falar em prevenção, devem estar questionando alguns leitores. Ora, é justamente esse acompanhamento periódico e de baixo custo que permitirá ao médico traçar a melhor estratégia para conter, ou minimamente administrar, o avanço da doença. É o que vai oferecer ao paciente melhor qualidade de vida e, quem sabe, evitar a cegueira completa no futuro.

O diagnóstico tardio, portanto, tira do portador de glaucoma não só a chance de enxergar por mais tempo e, na medida do possível, melhor. Rouba dele também a autoestima, a autonomia e a chance de se manter como um cidadão economicamente ativo, responsável pela própria renda, por um período maior.

A previsão é a de que o glaucoma atinja nada menos do que 3% da população acima dos 40 anos. Gente, portanto, com muitos anos de vida pela frente, e que corre o risco de precocemente sobrecarregar, por um motivo alheio à própria vontade, a Previdência Social. Já passou da hora de se rever a política de prevenção no SUS.

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