A polêmica sobre uma eventual ampliação do Aeroporto da Pampulha, que em áureos tempos chegou a receber mais de 3 milhões de passageiros por ano – ante 10% disso, atualmente –, voltou com tudo este mês, conforme reportagem desta edição.
O motivo é o anúncio da Força Aérea Brasileira de que, com a conclusão de obras no Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (Ciaar), em Lagoa Santa, pretende transferir para lá, em setembro, parte de suas instalações, hoje localizadas em frente ao terminal do bairro São Luiz.
A cessão do espaço, de 258 mil metros quadrados, possibilitaria à Infraero, responsável pela Pampulha, a sonhada expansão da unidade, com aumento do pátio de aeronaves e construção de três centros comerciais. Na prática, haveria a aplicação de Plano Diretor já aprovado na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), “com o desenvolvimento comercial, consoante às possibilidades mercadológicas”, conforme nota da estatal dos aeroportos.
A notícia, certamente, não agrada a concessionária do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte (BH Airport), em Confins. Embora não tenha se manifestado sobre a possibilidade agora aventada pela Infraero, a empresa chegou a impetrar, no fim do ano passado, mandado de segurança com pedido de liminar no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para suspender a liberação dos voos comerciais e de longa distância na Pampulha.
Os gestores de Confins alegaram na ocasião que, com a retomada de operação para trajetos mais longos na Pampulha – o que acabou não sendo permitido –, perderiam não apenas receitas, mas conectividade e demanda, já que uma capital como BH não necessitaria de dois aeroportos.
Em outra frente, boa parte dos moradores da região do aeroporto também se mostra avessa a uma ampliação. Dizem que os transtornos cresceriam, com elevação do fluxo de veículos e pessoas, da poluição sonora e de riscos à sua segurança.
Com a palavra final, as partes envolvidas, claro, e especialistas em economia e desenvolvimento urbano, para os quais a ampliação traria ganhos econômicos indiscutíveis, favorecendo a vocação da capital para o turismo de negócios.