Queda na economia não deve atropelar a saúde

13/05/2020 às 19:46.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:30

Os números divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) sobre a perda de faturamento do setor varejista em Minas ao longo da pandemia dão uma ideia clara do impacto da Covid-19 sobre a economia do estado. Nada menos que R$ 10 bilhões deixaram de ser injetados no comércio com o cenário de portas fechadas e população em isolamento social. Montante que poderia ter sido ainda maior caso supermercados e farmácias não tivessem registrado vendas bastante acima da média.

É necessário mais uma vez analisar tal dado envolvendo saúde e economia numa só ótica; não como realidades distintas. Mesmo porque há vários outros fatores que interferem no quadro. Com o aumento do desemprego; a redução ou suspensão de contratos de trabalho, boa parte da população adotou postura mais cautelosa em relação às compras. E preferiu se limitar aos itens de primeira necessidade, à espera de condições mais favoráveis para retomar os hábitos.

E não se pode falar em culpa da doença e das medidas adotadas para evitar sua disseminação, assim como não cabe desenhar um cenário em que ‘isso não aconteceria caso não houvesse as restrições ao funcionamento’. Ao que tudo indica, não adiantará apenas reabrir lojas e estabelecimentos para contar com o fluxo de consumidores. Há que levar em conta a necessidade de segurança que as pessoas precisarão desenvolver; alguma garantia de que não estão se expondo de forma perigosa a um risco mensurado em dezenas de milhares de mortes registradas por todo o país.

A solução da crise econômica passará por uma ação sistêmica, com forte participação do poder público. Fazer a engrenagem voltar a girar é algo que exigirá estímulo, políticas de auxílio e incentivo, de modo a permitir a reabertura de vagas; a retomada do poder de compra e o aquecimento do comércio. 

De modo nenhum, no entanto, tal esforço pode atropelar as recomendações dos especialistas em saúde em nome da recuperação econômica. Está mais do que claro, sem que seja preciso viver tal situação na pele, que a possibilidade de novas ondas de contágio trará efeito financeiro ainda mais devastador. Por mais negativo que se mostre o cenário, é sempre bom repetir uma frase dita por muitos de forma coerente: “a economia se recupera; vidas perdidas, não”.
 

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