Realmente essencial agora é a vida

12/05/2020 às 23:03.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:29

O enfrentamento da pandemia de Covid-19 no país exige uma postura responsável das autoridades e, acima de tudo, uma ação coordenada entre as esferas de governo, algo que nem sempre ocorre. Aliás, bater cabeça parece ser o esporte nacional em se tratando da definição de estratégias e medidas. Diante da inépcia do Governo federal em tomar a frente do processo, estados e municípios se valeram de salvaguarda do Supremo Tribunal Federal para contar com a autonomia necessária a dar os passos que consideram necessários.

O último e talvez um dos mais emblemáticos exemplos foi o decreto que incluiu serviços de salões de beleza e academias de ginástica entre as atividades essenciais; que, por isso, teriam direito a retomar seu funcionamento normal. Uma ação alheia ao planejamento do Ministério da Saúde que, por isso, não veio acompanhada de orientações de saúde para mitigar riscos e garantir maior proteção em relação ao novo coronavírus. Não há sequer uma cartilha, ou uma norma a seguir.

Dependesse apenas da vontade, e não de um cenário que a cada dia ganha números maiores e mais trágicos, todo e qualquer comércio ou serviço estaria funcionando como de costume. Não se determinou seu fechamento temporário por gosto, interesse ou desejo de prejudicar a atividade econômica, qualquer que seja. Busca-se, na verdade, dentro do pouco que já se conhece do vírus e sua disseminação, estabelecer comportamentos que dificultem sua transmissão. E passados dois meses de pandemia, já é consenso (ao menos científico) que medidas como o isolamento social e o uso de equipamentos de proteção individual são imprescindíveis no grau atual da epidemia.

Justamente por isso, não é o caso de demonizar gestores que preferem, por enquanto, manter as restrições de funcionamento, especialmente quando se baseiam em pareceres médico-científicos. Tampouco criticar os que tenham determinado o afrouxamento, se com embasamento técnico e sem deixar de lado as ações de prevenção. São decisões que levam em conta (ao menos deveriam) tamanho das cidades, estrutura hospitalar, número de casos. Porque é preciso pensar que mais essencial do que qualquer outra coisa, tanto mais num momento como o que vivemos, é a vida.
 

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