Responsabilidade sem discriminação

17/03/2020 às 20:56.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:59

Não se trata de histeria. Uma enfermidade com potencial de disseminação ilimitado, que, de acordo com os dados desta terça-feira do Ministério da Saúde registrava mais de oito mil casos suspeitos e duas mortes (a segunda ainda não oficializada nas estatísticas) merece toda a atenção e esforço de precaução possíveis. 

Citar doenças como a dengue (que apenas em Minas já passa de 20 mil casos notificados, com dois óbitos) como parâmetro para tentar minimizar o perigo da Covid-19 é uma armadilha retórica que se esgota com uma constatação simples: se as emergências de saúde anteriores ao coronavírus ganham a compania de centenas ou milhares de pacientes infectados com a doença respiratória, não há sistema de saúde capaz de atender com o devido cuidado, e não apenas no Brasil.

Vive-se um momento que, além de inédito, se encaminha para um cenário de fronteira tênue entre a realidade e a paranoia – com a primeira assumindo o espaço da segunda. Em meio às inúmeras questões ainda não respondidas, uma certeza inquestionável é a de que o comportamento e a postura de todos determinarão a extensão da pandemia e suas consequências.

Há de se admitir que é extremamente complicado garantir um funcionamento mínimo de instituições e serviços fundamentais (sem contar de setores econômicos decisivos) sem algum risco, por pequeno que seja. O que reforça a necessidade de respeito a cuidados básicos como a higiene das mãos; a higienização de áreas com grandes fluxos de pessoas, a atenção a possíveis sintomas e a proteção de integrantes de grupos de risco.

É imperativo ainda evitar todo e qualquer tipo de demonização ou discriminação. Diferentemente do que se viu com o advento da AIDS, não há comportamentos específicos que favoreçam a contaminação que não a insistência em ignorar o isolamento social. E ao contrário daquela síndrome, que tantas mortes causou até que pudesse ser controlada, não se tem, na maioria dos casos, uma sentença fatal com um resultado positivo. A pandemia, porém, não escolhe vítimas por classe social, cor da pele ou faixa etária.

O que não se tolera é toda e qualquer postura irresponsável, de quem tem a doença, e favorece sua expansão, como de quem a minimiza.
 

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