Restringir ações de escola é retrocesso

24/07/2017 às 20:01.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:43

A maior parte dos especialistas em educação defende com vigor o envolvimento da comunidade na vida escolar, fazendo da unidade educacional uma referência não só de estudo, mas também de convívio e interação entre os moradores do entorno. Infelizmente, temos um modelo de ensino muito engessado, elaborado há décadas e que não é mais adequado para um mundo tão diverso e mutante. Muitos educadores até são conscientes desse envolvimento, mas não encontram estrutura suficiente para exercer as atividades.

As poucas escolas que conseguem desenvolver ações de inclusão da comunidade em Belo Horizonte estão sofrendo para dar continuidade aos projetos. Sem os vigias que foram dispensados a partir do ano passado, não há como fazer nada no fim de semana com o mínimo de segurança para evitar depredações. 

É uma pena, porque são iniciativas que já colhem frutos onde foram aplicadas, há alguns anos. 

A escola ainda é vista por grande parte da nossa população como um local de imposição de um modelo às vezes excludente, resquícios de um sistema autoritário. Em parte, a violência praticada contra a escola é também uma espécie de recado de quem não enxerga ela como um lugar de troca de experiências em busca de aprendizado e desenvolvimento. 
As ações fora do horário de aula nas escolas fazem com que a comunidade participe mais da vida daquela instituição. O efeito é maior com as crianças. Desde pequenas, elas aprendem que aquele lugar é a extensão da casa. Que um espaço pode servir para várias atividade, desde a mais séria, até brincadeiras, criatividade, de ajuda ao próximo. 

Assim, sabendo o momento de cada coisa, em um mesmo lugar, o cidadão vai sendo formado. E se a criança tem boas lembranças e referências da escola, ela passa a cuidar dela, e assim seguirá cuidando quando jovem.

Inviabilizar esses projetos é retroceder no tempo, na época em que educação era confundida praticamente com um serviço militar, sem diálogo, sem interação, com o aprendizado se dando em mão única. 

Esse modelo, que excluiu milhares de jovens que hoje lotam as cadeias em todo o país, já está mais que provado que está longe do ideal de uma sociedade civilizada. 

  

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