As cenas de um catastrófico incêndio florestal ocorrido em Portugal, no ano passado, às margens de uma rodovia cerca de 200 quilômetros a Nordeste de Lisboa – e que deixou dezenas de mortos –, vieram inevitavelmente à mente.
As imagens de uma grande queimada registrada no Triângulo Mineiro, na quarta-feira, lembraram o poder de destruição das labaredas e trouxeram à tona um risco que se repete a cada ano, em Minas Gerais.
O fogo consumiu um canavial no município de Iturama, travando o trânsito na rodovia MGC-497, próxima ao local. Motoristas deixavam os veículos, em meio a uma espessa fumaça, e observaram, atônitos, a devastação. Por sorte, não houve feridos.
O incidente acendeu o alerta. Embora em julho e agosto, normalmente propensos a ocorrências do tipo, a situação tenha sido relativamente tranquila no Estado, em razão de chuvas atípicas, setembro já mostrou a que veio.
Reportagem desta edição mostra que, só nos primeiros 13 dias do mês, o satélite do Inpe identificou 919 focos de calor (indicativos de incêndios) em território mineiro, 66% a mais que em todo o mês anterior.
Já a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) informa que 72 incêndios florestais ocorreram por aqui, também em setembro, consumindo 80 hectares de áreas de proteção ambiental no Estado.
Entre as diversas reservas atingidas, destacam-se o Parque Estadual do Itacolomi, entre Ouro Preto e Mariana, a Serra da Moeda, na Grande BH, e o parque Serra do Cabral, em Buenópolis, no Norte de Minas.
Para especialistas, a combinação de tempo seco e fortes ventos contribui para aumentar o perigo, mas a ação irresponsável do homem, também. Atitudes que vão das bitucas de cigarro jogadas de carros em estradas, por exemplo, a queimadas propositais e descuidadas, nas zonas rurais, caracterizam crimes que devem ser exemplarmente punidos.
Não apenas as autoridades devem ficar atentas ao problema, como também todo e qualquer cidadão. Redes de brigadistas e moradores de regiões propensas ao registro de incêndios são fundamentais para que se evite o pior. O momento, portanto, é de que se faça um grande mutirão contra o fogo.