Desde os primeiros momentos da pandemia é consenso o fato de que muitos de seus impactos e transformações se tornarão definitivas, especialmente na economia. O crescimento do ambiente digital como meio de negócios é uma delas, impulsionado por quem precisou oferecer produtos e serviços apenas desta forma durante os períodos de restrição à circulação, ou estaria fadado a fechar as portas.
Outra tendência que se mostra é a da aposta nos pequenos negócios, por meio do instrumento do Microempreendedor Individual (MEI). Solução criada em 2008 para facilitar a formalização e acolher, em termos de tributação e benefícios previdenciários, quem até então se escondia sob a sombra da informalidade. Em todo o Brasil, mas especialmente em Minas Gerais, o número de novas adesões apresenta crescimento, ao passo que há redução no registro de micro e pequenas empresas.
Não se trata, em boa parte dos casos, de opção, já que muitos destes profissionais perderam o emprego ou tiveram de deixá-lo diante da falta de perspectivas e das incertezas. Mas é confortante constatar que, não só a recolocação acontece de forma quase imediata, como acompanhada da qualificação e dos cuidados necessários, para não se perder no risco de se ancorar apenas na empolgação. Nota-se ainda uma preocupação cada vez maior em atender o cliente de forma especial, indo além da simples relação comercial. O que tende a provocar fidelização e a perenizar os empreendimentos.
O mais importante de tudo é que, dessa forma, reduz-se a pressão sobre o poder público (com a geração de arrecadação e a menor necessidade de recurso a programas sociais), além de se provocar uma movimentação instantânea da roda gigante da economia. Deste modo, cria-se as condições para começar a afastar as nuvens carregadas de efeitos danosos da pandemia.
O que poderia parecer absurdo no atual momento - arriscar-se no empreendedorismo - pode, sim, se mostrar uma aposta vencedora, como parte de um novo arranjo produtivo. Deve, no entanto, ser objeto de todo o tipo de incentivo e suporte.