A cantilena não muda, e todo ano economistas e outros especialistas em finanças são consultados, nesta época do ano, sobre o melhor destino a ser dado ao 13º salário. A bem da verdade, estivéssemos em um país onde a maioria das pessoas pudesse guardar alguns vinténs, talvez nem fosse necessário ir atrás de um expert para ouvir o que o bom senso grita por aí: use o dinheiro extra para pagar dívidas e fazer uma reserva para emergências. Acontece que precaução é um cuidado que não encontra espaço na rotina de parte considerável dos brasileiros, muitos dos quais almoçam sem saber se haverá janta. E falar em quitar dívidas e poupar chega a parecer piada para quem já aperta o orçamento mês a mês, sem qualquer brechinha, equilibrando-se entre as contas que não param de chegar.
Mas não é desses brasileiros, para quem espremer o salário é algo tão rotineiro quanto escovar os dentes, que vamos falar. E sim daqueles que teriam condições de fazer um uso mais responsável do abono natalino. Quem tinha o costume de empurrar as contas para frente e gastar o 13º com presentes de Natal pode até achar que essa estratégia deu certo em anos anteriores. Mas é preciso lembrar que 2020 não teve absolutamente nada de típico, e 2021 se aproxima sem sinais de que a turbulência econômica – desemprego, queda de renda, falências – vá passar.
Por isso, ainda que você, leitor, tenha optado em outros tempos por “desfrutar” de seu 13º salário, distribuindo as dívidas ao longo dos meses seguintes, um pouco mais de cautela agora pode ser decisivo para que o ano que vem chegue sem tantos sobressaltos. Se possível, quite dívidas, pague contas, poupe, faça uma reserva. Se tudo der certo, e esperamos que dê, talvez em dezembro de 2021 você esteja tranquilo para comprar os presentes de sempre, com a tranquilidade de quem não se complicou financeiramente antes e pode, agora, fazer a escolha que melhor lhe convém.