É inegável que a pandemia de Covid-19 traz, a reboque, um cenário de recessão econômica, diante das medidas de isolamento social e quarentena que determinam o fechamento do comércio e de atividades não-essenciais. Algo que (as experiências em crises anteriores ensinam) só é superado com uma ação decidida dos governos nacionais injetando recursos no mercado, seja para garantir a renda dos mais vulneráveis, seja para impedir uma quebradeira generalizada de empresas e o aumento descontrolado do número de desempregados.
Diante de um quadro inédito, mas experimentado por todo o mundo, o mais prudente seria seguir o que vem dando resultados animadores no sentido de limitar o contágio e salvar vidas -O que passou por restrições rigorosas de circulação e atividades, logicamente danosas do ponto de vista econômico. Foi assim na China, hoje o grande motor industrial do planeta.
Quem preferiu se concentrar primordialmente no aspecto econômico paga com a perda de milhares de vidas e uma dificuldade extrema para conter a epidemia. Mesmo assim, o que se vê por aqui é um movimento, estimulado pelo Palácio do Planalto, para abreviar restrições e limitar o isolamento. Com o discurso de que a depressão econômica pode ser tão ou mais letal do que o novo coronavírus.
O que não está de todo errado, mas é um panorama que se apresenta para todo o mundo, potências ou países miseráveis, economias sólidas ou frágeis. Qualquer tentativa de solucionar o que não é exatamente um dilema (vida x economia) sem planejamento muito eficiente e a consciência de que existe uma estrutura capaz de minimizar riscos é espécie de roleta russa. Parte-se do princípio que seria apenas o caso de proteger idosos e demais grupos de risco mas, e se não for suficiente? E as centenas de milhares de pessoas com condições subjacentes, nem sempre claras e conhecidas? Há hoje leitos de UTI para todos, que se somem aos já necessários para demais condições graves de saúde?
Enquanto não houver respostas concretas e técnicas a essas questões, a proteção da população em moldes atuais é a melhor estratégia. Mesmo porque, há algo a ser levado em conta. Muitos vão preferir manter o isolamento, evitando aglomerações, shoppings e regiões comerciais. De que adiantará então, manter empregados, estrutura, portas abertas?