Os sabores do Cerrado

21/08/2016 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:28

Olá amigo da cozinha, 

Está saindo do forno a próxima edição da nossa revista Territórios Gastronômicos, cujo tema principal é o Cerrado, abordando os melhores sabores da região de Montes Claros.

Já se foram anos de pesquisas que realizei na região, e devo confessar amigo, que a cada nova incursão neste subterritório, que chamamos de Pequi, exatamente pela sua principal referência ou ”identidade gastronômica”, me deparo com novidades. Mas, especialmente, fica a nítida impressão da gradativa evolução profissional e do apoderamento de sua cultura, por parte de alguns profissionais locais.

Não faz muito tempo, participei, assim como outros chefs renomados de Belo Horizonte, de jantares temáticos, num dos melhores restaurantes do Norte de Minas, o Favorito, que também tem um buffet como a grande referência da cidade.

Já atuando nesse conceito de valorização dos produtos e produtores regionais, as nossas performances não foram muito bem assimiladas na época, por se tratar de algo novo e, em Montes Claros, assim como acontece em toda Minas Gerais, as novidades demoram a ser assimiladas e aceitas. 

Mas, essa dificuldade endêmica causada pela nossa desconfiança histórica, lentamente vai cedendo lugar à valorização da cultura alimentar do seu entorno, como acontece por todo o mundo e nos melhores restaurantes. 

Hoje na cidade de Montes Claros, jovens estudantes de gastronomia, nutrição e engenharia de alimentos já percebem com um novo olhar a diversidade e riqueza de seu terroir, e estão assumindo o papel de vetores dessa nova proposta, o que tem colaborado sobremaneira para o rápido desenvolvimento das cozinhas do Norte. 

Algumas pessoas ainda não perceberam a importância dessas atitudes nos restaurantes, e cobram cardápios com ingredientes importados, que conheceram em alguma viagem internacional, em outra região do país, talvez em diferente estação do ano, sem levar em conta a distância e a dificuldade para se obter produtos similares na qualidade encontrada na sua origem ou safra.

E repito amigo, isto é um grande equívoco, pois as dificuldades de se conseguir qualidade e preço, como se espera dos cozinheiros e donos de restaurantes, criam impasses quase intransponíveis, colaborando com o estabelecimento de uma imagem negativa para o setor.

Certamente a cozinha de raiz não viaja, mas sim a sua essência, como ocorre com as maiores cozinhas do mundo, e é assim que devemos enxergar a gastronomia internacional, utilizando de técnicas ou conceitos de sua origem, mas nos adaptando ao terroir, se esta for a proposta. 

Porém o que é chique e correto realmente, é se utilizar de produtos frescos, limpos, saudáveis e sustentáveis, fazendo assim uma gastronomia de verdade e que colabore com o desenvolvimento local.

Montes Claros, enfim, está encontrando este caminho, com jovens chefs à frente de cozinhas importantes, comerciantes cada vez mais engajados neste conceito, e principalmente, o público, que começa a entender e apreciar as suas próprias riquezas à mesa. Caminho este que atrairá cada vez mais a atenção de turistas e viajantes que buscam novas experiências sensoriais pelo planeta.

Portanto, amigo da cozinha, confira a partir da próxima semana, as novidades de Montes Claros na nova edição da revista Territórios Gastronômicos.

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