Brasil: um país à beira do caos?

29/01/2021 às 19:25.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:03

Precisamos atuar rápido. Sim, uma tempestade perfeita está a caminho. Constatação sem qualquer exercício de futurologia, nem “achismos”, nem prognósticos de pessimistas de plantão, ou os do “quanto pior melhor”. Trovões e raios vêm sinalizando que assim como não fizemos o dever de casa nas últimas décadas, não estamos de forma ordenada e convergente planejando, definindo ações e unindo o país em prol de uma agenda emergencial e comum.
“É a economia, estúpido”. Com essa famosa frase o marqueteiro de Bill Clinton nas eleições norte-americanas de 1992, James Carville, definiu o ambiente do momento que proporcionaria a queda da popularidade do então presidente George Bush e a consequente vitória do democrata.

Neste diapasão, ampliando o horizonte eleitoral para uma análise mais certeira quanto à conjuntura de qualquer país, uma tempestade perfeita poderá se dar quando além da economia, aspectos da política e do social se agravam sobremaneira. E grave tanto quanto, quando atores responsáveis por desanuviar não correspondem e ignoram a gravidade do momento, talvez por enxergarem o poder como um fim em si mesmo, e não como um meio para implantar políticas públicas eficientes para proporcionar melhoria de vida da coletividade.

A pandemia da Covid, algo inusitado e inesperado, com suas nefastas consequências, desnudou, escancarou e acelerou sérios problemas estruturais, normativos e culturais de países. E por suposto, o processo de vacinação será lento, trazendo um estranho sentimento que 2020 não acabou.

Como muitos países a situação do Brasil é deveras preocupante. Bem mais do que alguns menos atentos podem pensar. A gravidade dos três aspectos ditos acima, a saber, economia, social e política tornam nosso futuro próximo com um cenário de alerta máximo e exigem medidas robustas, rápidas, eficientes, factíveis e responsáveis dos nossos governantes.

De forma sintética, sem almejar esgotar o tema, uma breve disposição desses itens para fomentar debates e reflexões. No aspecto social, mais de 14 milhões de desempregados, aumento da desigualdade, fim do auxílio emergencial, inúmeras empresas fechadas, sonhos e projetos frustrados, aumento de distúrbios psicológicos, aumento de consumo de medicamentos controlados, violência, depressão, prejuízos educacionais com filhos sem aulas presenciais, desagregação familiar, aumento considerável de pobres e sem teto nas médias e grandes cidades. Apenas alguns itens de um ciclo vicioso e perigoso em que nos encontramos.

No campo econômico, o país se transformou em um país de corporações, brutais problemas fiscais em todos os entes da federação com suas graves consequências, inflação que assusta a todos e em especial prejudica os menos favorecidos, relevantes agendas travadas nos parlamentos, demandas infinitas para um Estado ineficiente com estrutura pesada e possível aumento de carga tributária. E por suposto, uma política internacional que precisa ser redefinida na atual geopolítica global.

No aspecto político, falta de agenda e projeto para o país, necessidade de convergência entre poderes, intolerância da população, posicionamento inútil e perigoso do “nós contra eles”, setores enfurnados em suas bolhas, fragilidade dos partidos políticos, enfraquecimento das medidas anticorrupção, desconexão entre representantes e representados. E um agravante, eleições em 2022 que poderão sobrepor interesses políticos e eleitorais ao interesse público, comprometendo pautas legislativas e ações dos executivos.

Por fim, não tem como negar as potencialidades do Brasil que precisam ser fortalecidas, com medidas desburocratizantes, planejamento e modernização normativa. Um alento singular e um remédio que pode ser eficaz à tempestade perfeita que se avizinha, o fato que no próximo dia 01 de fevereiro teremos eleições às presidências do Senado e da Câmara. Atores que terão um papel da maior relevância para liderar e enfrentar os desafios conjunturais, não só avançando nas importantes reformas administrativas e tributárias, mas articulando com serenidade e espírito convergente junto a setores públicos e privado do país.

Esta nossa expectativa e torcida.

  

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