Destruição criativa no Pós-Covid-19

22/05/2020 às 19:51.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:34

Em momentos singulares na nossa historia, abre-se a possibilidade de uma onda avassaladora de empreendedorismo e inovações, o que em 1942 o economista austríaco Joseph Schumpeter, em seu livro Capitalismo, Socialismo e Democracia, chamou de destruição criativa. Essa teoria busca explicar as transformações do capitalismo, cujo fenômeno se dá quando são criados novos produtos ou novas formas de produzir, causando mudanças na economia e nas relações sociais, levando em conta aspectos conjunturais, anseios da população e capacidade inovadora. Ou seja, os processos econômicos e sociais são dinâmicos.

E seguem vários exemplos na história da humanidade, como a substituição dos cavalos pelos carros como meios de transporte e das inúmeras transformações com o brutal desenvolvimento tecnológico das últimas décadas, proporcionando o desaparecimento de milhares de empregos, o aparecimento de outros e mudanças substanciais no comportamento e nas relações humanas.

Sobre a conjuntura atual da pandemia, externa o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, que “não é apenas uma crise de saúde, mas uma crise humana; uma crise de emprego; uma crise humanitária e uma crise de desenvolvimento”. Vários estudos e relatórios estão sendo feitos mundo afora, seja pelo setor acadêmico ou organismos internacionais, a exemplo do documento lançado pela ONU “Diretrizes das Nações Unidas para a resposta socioeconômica imediata à COVID-19: responsabilidade compartilhada, solidariedade global e ação urgente para as pessoas necessitadas”. Neste é bem explorado um termo que vem sendo popularizado mundo afora, o chamado “novo normal”.

Citando Nelson Rodrigues, é obvio ululante que no período pós-pandemia teremos mudanças substanciais nas relações humanas, sociais, econômicas e políticas. E sem sombra de dúvidas, mais um substancial, relevante e pujante momento de destruição criativa em escala mundial. Como se dará, ainda estamos no campo das hipóteses, especulações e até de um certo “achismo”. 

Como indicativo, interessante matéria do jornal Washington Post, reproduzida no Brasil pelo Estadão, que trata de mudanças das grandes metrópoles. Dispõe que o trabalho remoto, imposto pela necessidade de isolamento social, se consolidará em parte no dia a dia das pessoas, pois alguns funcionários, por questões de mobilidade, custo de vida e stress dos grandes centros urbanos, devem preferir trabalhar longe dos escritórios, o que fará com que inúmeras empresas deem fim a instalações físicas. Segundo Edward Glaeser, professor de Harvard, “se a pandemia se tornar o novo normal, dezenas de milhões de empregos no setor de serviços deixarão de existir nas grandes cidades”.No setor de esportes, houve um considerável aumento pelo interesse no setor de games, os chamados eSports. Pela analise do Twitter, houve um aumento de 70% na busca por eSports em março, além de aumento de jogadores atraídos pelas altas premiações dos torneios e acréscimo dos interessados nos patrocínios.

Por fim, tentar impedir a destruição criativa pode ser um grande erro, tanto para as pessoas, quanto para empresas e para os governos. Em outro artigo desta coluna, irei apresentar algumas reflexões acerca do papel dos governos no processo de destruição criativa que virá no pós-Covid.
 

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