Em 2022 menos querofobia e mais vida plena

23/12/2021 às 16:34.
Atualizado em 29/12/2021 às 00:36

Estranha esta doença que é a de quem tem medo de ser feliz. O filósofo e escritor do Império Romano Sêneca, em seu clássico escrito “De Vita Beata”, destinado a seu irmão Gálio, afirmou que “todos os homens aspiramos ser felizes”. Portanto, “não é fácil alcançar a felicidade já que quanto mais avidamente um homem se esforça para alcançá-la, mais ele se afasta”.

Pode ser algo utópico, mas a busca da felicidade é a essência da nossa existência humana. Assim sendo, a querofobia ou hedonofobia, que é mais recorrente que imaginamos, deve ser identificada e devidamente tratada, pois vai contra a razão da nossa breve passagem na vida terrena.

Por suposto, o conceito de felicidade é bem amplo. Enquanto uns sobrepõem questões estritamente materiais às demais, me incluo indubitavelmente no campo daqueles que sobrepõem de forma absoluta os aspectos espirituais aos demais.

Retornando ao tema da querofobia, ainda merece mais estudos, mas especialistas o consideram a nova ansiedade do século XXI. Tem como ponto principal que a felicidade nunca é permanente e que, portanto, como um estado de espírito temporário, sempre acaba, deixando em seu rastro um sentimento inevitável de dor e frustração.

Nestes termos, algo tipo não querer viver felizes momentos pois eles acabam e podem gerar decepções e tristezas. Assim, os chamados querófobos se contentam com a “vidinha cotidiana” para se preservar de possíveis dissabores.

Duas psicólogas espanholas aprofundam na temática. Segundo Stefanía Amengual, “as pessoas que sofrem da querofobia têm a tendência de antecipar que algo ruim acontecerá depois de se sentirem felizes. Portanto, esse medo na verdade se deve a uma tentativa de evitar o sofrimento e a decepção. Ou seja, as possíveis consequências negativas que a felicidade traz. Elas preferem ficar fora de tudo que possa lhes proporcionar prazer e diversão e, assim, se sentem preparadas para o surgimento de um possível evento negativo”.

A especialista em transtornos de ansiedade Carmen González assinala que “muitas vezes esse medo é uma defesa para poder estar no mundo e não ser responsável pelo que nos acontece. Viver a felicidade é uma responsabilidade”.

A querofobia tem tratamento. Os sintomas podem ser: necessidade de escapar de algumas situações e lugares; dores de estômago; ansiedade incomum; sensação constante de que algo ruim está para acontecer. Segundo a psicóloga Lívia Marques, especialista na área cognitiva e comportamental, há formas de identificar um querófobo. “Na maior parte dos casos, as pessoas enxergam a querofobia de forma estranha. Afinal, não ter alegria, prazer e felicidade em uma sociedade que cobra euforia o tempo todo parece estranho. Então, se enquadra no diagnóstico, por exemplo, quem nunca está satisfeito com nada que realiza, mesmo que tenha sido um feito incrível. Pelo contrário, a criatura ainda se pune por desejar mais”

Sobre o tratamento, dispõe Lívia que “quem sofre com a querofobia precisa perceber o processo esquemático na qual está envolvido. Ou seja, identificar os motivos pelos quais entra em curso de fuga ou se excede na autocobrança. Essas razões, provavelmente, estão ligadas a uma possível memória de punição que aconteceu logo após viver um momento feliz e alegre na vida”.

Reflitamos sobre nossas vidas, sejamos gratos a Deus pelo que passamos e vivemos. E no preparemos para um 2022 pleno de bênçãos e realizações!

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