Nossas crianças e o pós Covid

24/12/2020 às 16:07.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:24

Os impactos da pandemia são óbvios nas nossas relações pessoais, familiares, profissionais e econômicas. Posto isto, devemos dedicar atenção e refletirmos com a devida acuidade a um segmento importante que são nossas crianças. A seguir, entrevista com a conceituada professora e especialista em Neuroeducação Tatiana Camargos Lamego.

Quais as consequências principais para as crianças neste momento de pandemia?
Sabemos que todas as famílias, todas as mães, pais, filhos, ajudantes e pessoas do mundo ficaram confusas durante o isolamento social e o que a quarentena causou.Temos consequências visíveis e imediatas que as crianças demonstraram desde os primeiros dias e há consequências que aparecerão em médio e longo prazo.
Crianças e adultos precisam de rotinas que incluam uma variedade de estímulos para manterem-se saudáveis: alimentar-se, socializar, produzir algo (e no caso das crianças isso inclui o aprender, brincar, estudar por exemplo) dormir, descansar, exercitar, cuidar do lado emocional e do cérebro. Durante a pandemia esse repertório foi completamente abalado, e os dias, semanas, meses atrapalharam o mínimo de ordem nas atividades gerais que as famílias tinham antes da Covid-19.
Então, as consequencias serão bem variadas pelo contexto individual de cada criança, anterior e durante a pandemia. Por exemplo, a idade, o perfil psicológico, o ambiente familiar, a rotina que os pais promoveram durante esse período, a escola que ela frequenta, e até mesmo a socialização que foi possível realizar com os amiguinhos a distância. Mas é notável que muitas famílias têm queixado de estagnação ou regressão dos filhos, com quadros de ansiedade, agressividade e temor.

Como minimizar estes problemas?
As crianças gostam de ter referências do que se espera delas, no sentido de sentirem-se encorajadas, estimuladas e respeitadas quanto ao seu ritmo. E não é só a Neuroeducação que prioriza este investimento na autonomia dos pequenos. Muito se fala do desenvolvimento infantil como algo desafiador, que exige uma constante atenção dos pais a cada idade, e na pandemia sentimos isso na pele.
Com relação aos estudos e aprendizado escolar, as crianças que tiveram um mínimo assessoramento da família e algum contato com as aulas remotas ou atividades em casa com professores particulares presencialmente, ganharam muito. 
Pensando que ainda não temos uma definição sobre a reabertura das escolas em Minas Gerais, é importante os pais continuarem apostando em algumas atitudes como:
- reservar um canto (se ainda não existia) especial para o estudo, criar uma placa “Estudando em Casa” ou “Escola do Fulaninho” para lembrar desta tarefa
- marcar bem a diferença do horário de estudar e de brincar
-alterne entre estudar com a criança e deixá-la fazer sozinha
-elogiar seu filho pelo esforço que ele está fazendo (por mínimo que seja).
Temos também os danos motores e cerebrais causados pelo confinamento, pela falta de brincadeiras ao ar livre e pelo excesso de telas. Os médicos, educadores e profissionais de saúde já fazem este alerta há muito tempo. Não é novidade alguma que isso compromete o desenvolvimento global da criança. 
Pensando por este lado, muitas famílias repensaram a rotina das crianças em coisas muito simples, passando a brincar mais entre pais e filhos, experimentando cozinhar juntos, dividindo tarefas da casa com mais leveza, apreciando a leitura de um livro e valorizando a importância do contato com a natureza em espaços abertos. Uma boa forma de minimizar problemas futuros é não criar novos problemas. 
A palavra de ordem é o EQUILÍBRIO. Educar é plantar. E quem está em uma situação caótica, deve pedir ajuda de um familiar ou mesmo de um profissional, se possível para amenizar os danos da pandemia.
Maiores informações acesse https://www.instagram.com/bemfamiliatutoria/

  

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