O que Botsuana tem a ver com Minas Gerais

05/03/2021 às 15:47.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:20

O Secretario de Cultura e Turismo de MG, Leônidas Oliveira, juntamente com toda nossa equipe, tem atuado de forma assertiva e obstinada, com amplo respaldo do governador Romeu Zema, no sentido de potencializar nossas singulares vocações adstritas ao turismo e à cultura, incluindo toda a cadeia da economia criativa. Itens estes, sem dúvida, indispensáveis no nosso processo de recuperação econômica e social.

Algumas referências internacionais são relevantes e devem ser observadas como paradigmas interessantes. Botsuana, um país africano com altos índices de desigualdade, tem algumas particularidades a serem refletidas, a saber: quando da sua independência do Reino Unido em 1966, o país, cujo território é praticamente do mesmo tamanho de Minas Gerais, resumia sua economia à agricultura de subsistência. Com poucos hospitais, tinha uma infraestrutura rudimentar, com apenas 12 quilômetros de estradas asfaltadas e um PIB per capita de cerca de 70 dólares por ano.

Não obstante ainda grandes problemas estruturais, somado a elevado número de contaminados pela AIDS, vem fazendo seu dever de casa. Estudos e análises atestam uma verdadeira revolução econômica e social que vem sendo implementadas no país. Recente relatório que mede qualidade de governança dos países africanos divulgado pela Fundação Mo Ibrahim, sediada em Londres, posiciona Botsuana como terceiro colocado em desenvolvimento humano, confirmado também pelo próprio Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) divulgado anualmente pela ONU. Nas últimas quatro décadas, o produto interno bruto (PIB) aumentou quase dez vezes, e a renda per capita se multiplicou por 30. O PNUD, órgão das Nações Unidas para o desenvolvimento, descreve o país como um caso verdadeiro de sucesso em termos de progresso humano e econômico.

Em documentos do Banco Mundial e da Fundação Mo Ibrahim, dentre dos 54 países do continente africano, foi considerado o oitavo melhor país para se investir e o quarto melhor em infraestrutura e ambiente para negócios. No Índice de Percepção da Corrupção, divulgado pela Transparência Internacional, em relatório de 2020, Botsuana ocupa a 35º posição, em uma lista com 180 países. O Brasil ocupa a 94º posição.

Dois fatores são bem relevantes nesta guinada do país. Uma gestão pública eficiente, com fortes investimentos em educação, saúde e medidas com vistas a aprimorar o ambiente de negócios. E o segundo fator, uma riqueza natural. Botsuana nada mais é que o maior produtor mundial de diamantes. Em 2019 foi descoberto um diamante gigante de 1.758 quilates, o segundo maior em âmbito mundial, com tamanho aproximado a uma bola de tênis. A exploração de diamantes corresponde atualmente a metade do PIB e dois terços das exportações do país. Em 1969 foi constituída a Debswana Diamond Company Limited, joint venture com 50% de controle do governo e os outros 50% nas mãos da De Beers sul-africana. Ao contrario de estatais mundo afora, os governantes desde a criação daquela empresa, definiram investimentos em prol do desenvolvimento do país, com foco em políticas de saúde e educação.

O que mais preocupa o governo é necessidade de reduzir a dependência do país ao diamante, fortalecendo outros setores. Nestes termos destaca-se o ecoturismo. O país possui cerca 17% de seu território reservados para parques nacionais. A maior concentração de elefantes do mundo, mais de 50 mil. A indústria do turismo vem sendo desenvolvida desde o fim da década de 1990. Nestes termos, o governo tem procurado estimular ainda mais este setor. De 1995 a 2015, o volume de visitantes triplicou, o que levou 1,5 milhão de turistas internacionais ao país naquele ano, sendo que Minas recebeu também em 2015 quase 48 mil turistas internacionais O setor proporcionou um aumento de quase 5% na geração de empregos entre 2015 e 2019. A expansão tem proporcionado a criação de empreendimentos como novos hotéis e safáris, e impulsionado outros setores, como alimentação, agências de viagens e lazer.

Em Minas, temos um governo que vem atuando firme em aprimorar a governança pública, avançando no processo de concessões de parques estaduais, possibilitando segurança jurídica, desburocratização e ambiente melhor para negócios em geral. Temos uma economia ainda atrelada fortemente à exploração mineraria, mas um pujante parque industrial e um importante setor agropecuário e de serviços. Não obstante, necessitamos cada vez mais diversificarmos nossa economia. Neste diapasão, como Estado síntese do Brasil, temos paisagens belíssimas, uma rica e singular cultura, vocação forte para o turismo de aventura, cultural e religioso, mais de 60% do patrimônio histórico tombado do país, a nossa cozinha é a melhor do país e um povo amigo e acolhedor. 

Com planejamento adequado aos efeitos da pandemia, nosso foco em um primeiro momento está sendo para turistas de Minas pra Minas, posteriormente do Brasil para Minas e do mundo para Minas. Avancemos!

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