O teletrabalho veio pra ficar?

13/06/2020 às 07:21.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:45

De início, a etimologia da palavra. O vocábulo “tele” tem origem grega e significa distância, daí porque o teletrabalho é uma modalidade de trabalho a distância, não necessariamente em casa, mas em local distinto do escritório ou da repartição pública. E, por suposto, está atrelado a sistemas tecnológicos e virtuais, com o uso de computadores e smartphones. 

Mais presente em países desenvolvidos, no Brasil esta modalidade vinha nos últimos cinco anos engatinhando, por resistências e desconfianças por parte do empregador, do empregado e de sindicatos. Mas o brutal desenvolvimento tecnológico, aliado aos graves problemas de mobilidade nos grandes centros urbanos e à percepção de mais efetividade, era um indicativo que o teletrabalho seria intensificado em talvez uma década.
Os efeitos da pandemia, todos já sabem. Ou seja, na marra, empresas e governos não tiveram outra opção a não ser adaptar suas atividades com funcionários em casa, desenvolvendo suas funções. Documento elaborado pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), agência das Nações Unidas em parceria com a Eurofund, agência da União Européia, aponta que o teletrabalho é agora uma realidade para cerca de 4 em cada 10 pessoas nos países da região.

O mesmo estudo elenca as principais vantagens do teletrabalho: redução do tempo do deslocamento, maior autonomia e maior equilíbrio entre vida profissional e a privada. Para as empresas, maior motivação dos funcionários, mais produtividade, eficiência e redução do espaço do escritório.

Como pontos preocupantes, o relatório aponta “a tendência a induzir um prolongamento da jornada de trabalho, a criar uma sobreposição entre emprego e vida privada e a levar a uma intensificação do trabalho”. Jon Messenger, um dos autores do relatório, ressalta que “o equilíbrio ideal seria 2 a 3 dias de trabalho em casa, permitindo manter contato com os colegas”. 

Matéria recente do jornal Valor dispõe de empresas no Brasil que avançam rumo à manutenção do teletrabalho no pós-Covid. A LafargeHolcim, no Rio de Janeiro, vai fechar o escritório e estima economizar R$ 2 milhões por mês, ao eliminar custo fixo com aluguel, condomínio, estacionamento, manutenção e recepcionista. Ainda segundo a matéria, a tendência dentre muitas outras empresas é que os novos escritórios, menores, virem espaços para reuniões, treinamentos e não representem mais o local para o expediente de trabalho.

Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revela que o teletrabalho poderá ser adotado em 22,7% das ocupações nacionais, alcançando mais de 20 milhões de pessoas. O maior potencial de teletrabalho foi identificado no Distrito Federal, onde 31,6% dos empregos podem ser executados de forma remota, enquanto em MG o percentual é 20,4%. A pesquisa analisou 434 ocupações. Os grupos com maiores probabilidades de teletrabalho são os de profissionais de ciências e intelectuais, diretores e gerentes e técnicos e profissionais de nível médio. Por outro lado, trabalhadores da agropecuária e militares possuem os menores potenciais de teletrabalho. 

E as consequências desta radical mudança serão muitas em vários setores, a refletir: disciplina e organização das pessoas, necessidade de melhores planos de internet em casa, menos carros circulando, menos venda de roupas e sapatos sociais para trabalho diário, refeições realizadas em casa etc.

E para nós brasileiros, que valorizamos tanto o contato social, que o teletrabalho permita uma ou duas vezes por semana encontros presenciais com os colegas, o que indubitavelmente contribuirá para garantir mais efetividade e qualidade de vida de todos.

  

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