A tecnologia e a internet estão transformando a política e dando mais poder aos cidadãos, que têm à disposição cada vez mais instrumentos para opinar, fiscalizar e decidir como querem que seus representantes no Legislativo e no Executivo ajam. O cidadão tornou-se o centro das estratégias e políticas públicas em países que já despertaram para essa realidade. Foi o que acompanhei em visita à Prefeitura e à Câmara Municipal de Londres. Estou na Inglaterra a convite da Fundação Lemann e da RAPS, que me concederam bolsa para um seminário sobre democracia, transparência e combate à corrupção na Universidade de Oxford, uma das cinco mais importantes instituições de ensino do mundo. Uma das atividades foi conhecer o funcionamento da administração londrina.
Fiquei impressionado com o projeto Talk London, ambiciosa e bem elaborada proposta de diálogo entre o Poder Público e a população londrina. É uma ouvidoria em tempo real, por meio de um site amigável e responsivo, no qual os cidadãos têm acesso às informações sobre a atuação dos gestores públicos e sugerem alterações na legislação ou na execução de obras. Mais de 41 mil pessoas estão cadastradas no Talk London e têm conseguido resultados expressivos na melhoria das condições de vida na capital inglesa.
Exemplo disso é a nova legislação sobre poluição. As sugestões encaminhadas pela população ao site se transformaram em lei, que entrará em vigor em 2019. Os cidadãos também sugeriram, via Talk London, que a Oxford Street fosse fechada ao trânsito de veículos e se tornasse via exclusiva para pedestres. A partir de 2020, os carros não poderão mais circular pela Oxford Street. Tais resultados demonstram que a chamada Política 2.0, com ênfase na governança cidadã, está transformando as relações entre eleitores e eleitos.
É preciso destacar que antes da criação do Talk London as autoridades londrinas tentavam modernizar as políticas públicas, sustentados pela atuação de especialistas em cada área, que apresentavam propostas para mobilidade urbana, meio ambiente, sustentabilidade, economia de recursos públicos etc. Entretanto, os resultados não eram positivos e os gestores decidiram investir no uso da internet e na modernização do conceito de política. A partir daí se criou um ambiente virtual sistematizado e que facilita o engajamento da população.
Levo dessa experiência um aprendizado inestimável e ideias para tornar o aplicativo Meu Vereador ainda mais evoluído e participativo. Minha proposta é aproximar as comunidades de BH para que todos possam atuar na solução de problemas comuns e na defesa de seus interesses. A meta é fazer com que os cidadãos da capital se envolvam cada vez mais com a política e se tornem agentes das mudanças que desejam implementar. Tudo com transparência e de maneira democrática.