2022, suas tragédias e suas reações

14/01/2022 às 18:14.
Atualizado em 18/01/2022 às 00:54

2022 não está sendo um ano fácil. Minas Gerais e Bahia foram atingidas por chuvas em volume não registrado em décadas, que causaram enorme destruição. Houve perdas de vidas. Famílias e comerciantes, em sua enorme maioria desprovidos de seguro, perderam tudo. É desesperador ver tanto sofrimento.

Só quem está muito desconectado do sofrimento do povo é incapaz de perceber que elas têm sido, sim, um “castigo”. A destruição causada deixa evidente isso. O senador Carlos Viana (PSD) foi à imprensa e às redes sociais dizer que chuva não castiga. Que chuva é bem-vinda. Que faltou foi planejamento do governo. Colheu uma chuva de críticas como resposta. É triste ver alguém fazer politicagem nessa hora.

Outra tragédia, mais localizada, foi a que ocorreu em Capitólio. Não vi politicagem sobre essa, mas vejo riscos nas reações apresentadas. Ao expressar meu pesar pelas famílias das vítimas, recebi a sugestão de que para evitar novas tragédias bastava proibir a navegação nos cânions. Recebi, também, sugestão de interrupção da navegação até que seja feito laudo geológico de estabilidade das rochas. Parece simples, mas é exagerado, ineficiente e errado. É arriscado buscar soluções precipitadas.

Os cânions são enormes, extensos e uma grande atração turística. A navegação por eles gera empregos e renda para a população, além de lazer para milhares de visitantes. Proibir a navegação tirará de vez o pão da mesa de todas as famílias cujo trabalho depende dela. Interrompê-la até que o Estado, carente de recursos, de técnicos e com milhares de outras preocupações faça a análise de toda a estrutura tirará o pão por sabe-se lá quanto tempo. É possível evitar novas tragédias e proteger vidas sem adotar uma medida tão extrema. E é mais eficiente fazer isso sem depender do Estado.

A tragédia colocou a preocupação com a segurança no radar tanto de empresários do turismo, que não vão querer correr o risco de terem que pagar indenizações para eventuais vítimas, quanto de trabalhadores e turistas, que não vão querer arriscar a própria pele, não apenas em Furnas, mas em todos os cânions do país. Incentivos de mercado já foram criados para que a atividade seja desenvolvida com mais atenção para a segurança. Os empresários podem se juntar para contratar estudos de estabilidade das áreas com maior fluxo de turistas. Os trabalhadores podem buscar qualificação para identificar sinais de instabilidade e treinamento para evacuação rápida. Os turistas podem privilegiar passeios e empresas que forneçam melhores protocolos de segurança.

Tudo isso pode ser feito de maneira rápida, com uma agilidade que o Estado não tem e nunca terá, sem prejudicar o sustento de tantas famílias, sem trazer ainda mais sofrimento para uma região já abatida pela tragédia.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por