A mentira sob a máscara

13/02/2021 às 16:28.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:10

Todo partido político que lança um candidato ao Poder Executivo, como prefeito, governador ou presidente, é obrigado a registrar na Justiça Eleitoral seu plano de governo.

Em 2018, o Partido Novo lançou candidato à presidência e registrou que buscaria fazer as reformas da previdência, tributária, administrativa e política, dar autonomia ao Banco Central para afastar interferências políticas do controle da inflação e propor privatização das estatais.

O Novo não ganhou as eleições, mas quando o candidato vencedor apresentou algumas dessas pautas na Câmara dos Deputados, os parlamentares do Novo as apoiaram, defenderam e votaram a favor. O partido tinha, e continua tendo, um projeto de país. 

O PT também lançou candidato à presidência da República e também registrou um plano de governo na Justiça Eleitoral. Nele constava, na página 42, que pretendia dar autonomia ao BC. Seu candidato não foi eleito, mas a autonomia do BC ainda assim foi proposta, debatida e votada na Câmara dos Deputados na semana passada.

Ao invés de apoiar o que o partido deles se comprometeu a fazer caso chegassem ao poder, deputados federais do PT obstruíram a votação, atacaram o projeto e votaram contra. A máscara caiu. Ficou evidente que, ou mentiram para o povo brasileiro em seu programa de governo registrado na Justiça Eleitoral, ou não defendem um projeto de país, a ser apoiado independentemente de quem o propõe, mas apenas um projeto de poder.

E o que se viu após a queda da máscara foi a face da mentira. Em nota publicada no site da bancada do partido, afirmaram que dar autonomia para o BC significaria “retirar dos governos eleitos o direito de indicar o presidente da instituição” e “transferir o BC ao controle dos bancos privados”.

A verdade é outra: com o projeto, que foi aprovado, a indicação do presidente do BC segue sendo feita pelo presidente da República e sua nomeação segue dependendo de aprovação pelo Senado. A definição das metas a serem perseguidas pelo BC segue sendo feita pelo Conselho Monetário Nacional, que não tem participação de nenhum banqueiro.

A diferença é que a diretoria do BC passará a ter mandato fixo e não poderá ser demitida ou influenciada por mera pressão política para atender interesses de curto prazo do governante da ocasião, em prejuízo para o país. Ela ainda poderá ser demitida caso não atinja as metas propostas, após análise pelo Senado.

A bancada federal do PT sabia disso, mas não se importou em mentir, em obstruir e tentar manipular a população. Não fez política de forma honesta. Não é de surpreender que o povo confie tão pouco nos políticos.

  

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