Quem andou de avião já ouviu o piloto anunciar que a tripulação deveria se preparar para o procedimento de descida. Provavelmente, deve ter estranhado o tanto que o procedimento é lento, que pouco pareceu mudar depois disso e que nenhuma grande inclinação foi sentida.
Eu já ouvi esse anúncio e quando estou com horários apertados é inevitável sentir impaciência com a lentidão, mas é assim que tem que ser. Uma guinada para baixo poderia machucar os passageiros dentro da cabine ou até mesmo provocar um acidente fatal. Eventuais turbulências ou problemas no caminho podem fazer o avião ter que subir um pouco novamente, mas a confiança no piloto me faz ter a certeza que, rápido ou devagar, o rumo é o de descida e estamos chegando.
O mesmo raciocínio vale para as contas públicas. Os impostos no Brasil estão nas alturas há anos, o bolso está apertado para todos e o desejo de descer logo grita em nossos ouvidos. Mas embicar o avião das contas públicas subitamente para baixo pode machucar todos nós que estamos dentro ou até mesmo provocar uma queda que deixaria poucos sobreviventes. A razão precisa vencer a ansiedade nessa hora. É necessário que a descida seja gradual, responsável e segura.
Em Minas, após quase três anos pagando dívidas herdadas e colocando a casa em ordem, na semana passada ouvimos o governador Romeu Zema anunciar o primeiro movimento de descida nos impostos em muitos e muitos anos: a redução em 6,7% da alíquota do ICMS do diesel, que passará de 15% para 14%. É um movimento pequeno, que poderá passar quase despercebido nas bombas e deixar ansiosos os que precisam chegar mais rápido ao destino, mas é a descida possível no momento de forma segura e responsável.
Agora é trabalhar para que isso se transforme em um processo contínuo e que não fique restrito ao diesel. Para viabilizar novos ajustes e em mais produtos, todavia, precisamos mudar a lei, pois as regras só permitem isso para diesel e ônibus de rodoviária.
Por essa razão, a bancada do Novo na ALMG, composta por mim e pela dep. Laura Serrano, apresentou o PL 3.254/21, para permitir ao governador reduzir o ICMS em todos os produtos, e não só no diesel, e dar a ele o manche desse avião chamado Minas Gerais para o tão aguardado procedimento de descida. É claro que a ALMG pode propor reduções ela própria, mas quem está diante dos instrumentos que indicam o quanto é possível descer de forma segura é ele. E, depois de manter Minas voando através de tantas turbulências e apesar de tanta bagagem podre herdada, ele já se mostrou um piloto mais que digno dessa confiança.