Bastiat e Ayn Rand nas escolas

10/08/2020 às 09:45.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:14

Em Minas, está ocorrendo algo excelente para quem defende a pluralidade de pensamento e uma educação capaz de formar cidadãos mais críticos: o material didático das escolas estaduais passou a incluir também pensadores liberais, como Frédéric Bastiat e Ayn Rand.

É a realização de um sonho para nós, liberais, e feito da forma certa: sem excluir outras linhas filosóficas que já eram anteriormente ensinadas e sem impor visão de mundo. Feita dessa forma, a adição dos pensadores liberais no conteúdo didático permitirá aos alunos conhecerem várias linhas de pensamento e formar a própria opinião com liberdade.

Confio que as ideias liberais são as que produzem melhores resultados, tanto que as defendo, mas sei que nem todos os alunos sairão da escola com visão liberal de mundo, tampouco o objetivo deve ser fazer lavagem cerebral para qualquer lado.

O mais importante, e algo que essa decisão da Secretaria de Educação de Minas Gerais permite, é que independente da visão que vier a prevalecer na formação desses jovens, eles sairão das escolas sabendo que existem diferentes linhas de pensamento e que não há monopólio da virtude. Que o liberal NÃO É um malvadão que quer proteger os bancos e não se importa com os mais pobres. Saberão que o Estado enxuto defendido por Bastiat busca justamente evitar a opressão dos mais poderosos sobre os desfavorecidos usando o Estado como instrumento e que o objetivismo de Ayn Rand oferece uma rota de saída contra os contextos difíceis aos quais cada um pode estar exposto. Que a base do liberalismo é confiar que cada indivíduo, incluindo eles, os jovens, é capaz de tomar decisões e deve ser respeitado nessa capacidade, questionando a tentação muitas vezes arrogante de quem está no poder de considerá-los menos capazes e querer tomar decisões por eles.

Como liberal e, acima de tudo, como cidadão mineiro que se beneficiará por viver em uma sociedade mais plural e com mais capacidade crítica, parabenizo e agradeço a secretária Julia Sant’Anna e sua equipe pela coragem de promover essa mudança e pela maneira sensata com que a operaram, respeitando a diversidade de pensamento, confiando no debate de ideias e sem tentar impor visões de mundo aos alunos. Em tempos de debate público dominado pela polarização radical, em que a construção de muros ideológicos virou padrão, só a construção de pontes que superem os abismos que hoje dividem as pessoas poderá nos levar a um futuro melhor. Essa decisão lança as bases para termos uma geração muito mais capaz de construir mais pontes, tolerância e diálogo.

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