Jogo de cena

10/12/2021 às 18:27.
Atualizado em 14/12/2021 às 00:37

O Brasil odeia o Fundão Eleitoral. São R$5,7 bi que deixam de ir para a saúde, segurança, educação, infraestrutura ou assistência social para patrocinar campanhas eleitorais. Para ajudar políticos, muitos dos quais rejeitados por boa parte dos brasileiros, a se perpetuarem no poder. O PT, por exemplo, pode abocanhar R$566 mi, bancados inclusive por cidadãos de direita. O PL, de Bolsonaro, pode ficar com R$350 mi, bancados até por quem o chama de genocida.

Apesar disso, o Congresso, com votos de petistas e bolsonaristas, aprovou que essa montanha de dinheiro fosse destinada para as campanhas. O presidente vetou, mas parece jogo de cena. O veto está para ser apreciado pelo Congresso e deve ser derrubado. Derrubado com votos da base do presidente, que vetou. Derrubado com votos do Centrão, que o apoia. Derrubado com votos do PT, também, que entre ver o dinheiro irrigar seus cofres ou ficar disponível para ajudar a população nas suas necessidades nesses tempos de dificuldades parece não hesitar em preferir seus cofres. A preocupação com os mais pobres também parece ser jogo de cena.

Não será derrubado com os votos do NOVO, pois é o único partido que rejeita toda forma de utilização de dinheiro público, seja para sua manutenção ou suas campanhas. O grande problema é que o NOVO possui apenas 8, dos 513 deputados federais. Todos estão entre os melhores do Ranking dos Políticos, mas continuam sendo apenas 8 e insuficientes para barrar absurdos como a derrubada do veto do Fundão. No próximo ano, mesmo tendo direito a receber R$103 mi do Fundão, abrirão mão e concorrerão sem usar recursos públicos, disputando vaga contra partidos e candidatos cheios de dinheiro tirado dos impostos, do bolso e da mesa do povo.

Apesar disso, não são poucas as pessoas que ainda associam o bolsonarismo com o antipetismo, apesar da base bolsonaristas estar disposta a despejar mais de meio bi de reais nas campanhas do PT, ou que associam o PT a uma preocupação social ou ao antibolsonarismo, apesar do PT estar disposto a retirar R$566 mi do povo para fazer sua campanha ou de irrigar a campanha de Bolsonaro com mais de R$350 mi. E não são poucas as pessoas que ainda dizem que o NOVO é partido de elite e que não se preocupa com os mais pobres, apesar dele preferir manter mais de R$100 mi disponíveis para saúde, segurança, educação e assistência social dos mais necessitados ao invés de utilizar esse dinheiro para fazer campanha, mesmo que isso lhe custe espaço, cadeiras e voz. Triste Brasil, em que a coerência custa tão caro e o jogo de cena parece sempre funcionar.

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