Luiz Humberto Carneiro

23/04/2021 às 19:57.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:45

 Após a vitória de Romeu Zema para o governo de Minas, por um partido estreante em eleições estaduais, o NOVO, que não fez coligação e elegeu apenas três deputados estaduais, todos novatos, surgiu uma especulação sobre quais partidos formariam a base e quem seria o líder de governo na ALMG.

 Mais do que uma vitória improvável, foi uma vitória calcada em um discurso de renovação e de rejeição da política e dos políticos que criou algumas arestas com os demais partidos e, em especial, com os deputados reeleitos.

 Preocupado que isso poderia dificultar nosso governo, busquei estabelecer pontes de diálogo com os deputados reeleitos. Meu nome passou a ser especulado na imprensa como possível líder do governo.

 Em janeiro de 2019, fui comunicado que o líder seria o deputado Luiz Humberto Carneiro, do PSDB, e fui convidado para ser vice-líder. Situação duplamente inusitada. Primeiro, porque o NOVO havia acabado de disputar o segundo turno das eleições com o PSDB e ele foi marcado por ataques contra o hoje governador. Segundo, porque Luiz Humberto estava em seu sexto mandato e já havia sido líder de dois governos na Assembleia.

 Parte da militância do NOVO nunca entendeu essa escolha. Eu tive certeza que foi a melhor possível. O que o governo mais precisava era de diálogo e experiência, e Luiz Humberto tinha isso como ninguém. Mesmo tendo ocupado essa posição difícil em governos anteriores, que muitas vezes coloca o parlamentar em situação de antagonismo com a oposição, Luiz Humberto era por todos querido e respeitado, fruto de sua personalidade conciliadora e da sua seriedade. Foi um líder de governo incrível, que ajudou na aprovação de tudo que foi enviado ao  parlamento e evitou que cometêssemos tropeços desnecessários.

 Foi um líder pessoal para mim também. Acolheu-me com carinho e mesmo ciente que eu vinha da expectativa de ocupar a função para a qual ele foi escolhido, nunca me tratou como ameaça. Pelo contrário, foi generoso. Deu-me espaço para trabalhar e, mesmo com a agenda corrida que um líder tem, deu-me conselhos para que eu pudesse me desenvolver e crescer. Deu-me amizade sincera e o ensinamento que política é feita por pessoas e para pessoas, e que a técnica sempre deve ser temperada com boas doses de sensibilidade.

 No dia 17 de abril Luiz Humberto nos deixou após longa batalha contra a COVID. Para o parlamento, fica um vazio impossível de ser preenchido. Para mim, fica a saudade, mas não o vazio, pois as lições e as lembranças dele ocupam todo espaço possível, sempre começando com um Guilherrrrrmão, carregado de sotaque e de afeto, que só não tinha mais erres do que o tamanho do sorriso que punha no rosto e que transparecia também nos olhos. Vá em paz, amigo e mestre, e obrigado por tudo.

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