O que Goiás nos ensina sobre a privatização da Cemig?

04/10/2019 às 19:14.
Atualizado em 21/11/2022 às 19:17

Na semana passada, tivemos na ALMG uma audiência pública que contou com a presença de parlamentares de Goiás para discutir a privatização da Cemig e como a experiência que já ocorreu por lá pode nos ajudar a tomar uma decisão melhor em MG.
Agradeço aos deputados goianos pela gentileza de compartilhar suas informações, mas discordo totalmente das conclusões que se apressaram em apresentar, sem conhecer de perto nossa realidade.
Em uma audiência dominada por deputados do partido do ex-governador Pimentel e que teve por convidado, além dos colegas goianos, apenas um representante do SindiEletro, ligado à CUT, a afirmação de que “privatização é ruim” foi aplaudida. Coube a mim, solitário, questionar se o que eles apontam como problemas da privatização de lá é aplicável à realidade daqui, bem como analisar se são de fato problemas da privatização ou se são problemas que vêm da época em que a companhia energética era estatal e que estão sendo corrigidos após a privatização.

Os colegas goianos disseram que a companhia energética local é a que tem os piores índices de qualidade do Brasil e que isso seria prova de que a privatização é ruim. Esqueceram de considerar que ela já era a pior do país antes da privatização e que a qualidade do serviço nos três anos de privatização melhorou 22% em comparação com a média dos três anos anteriores a ela.

Segundo eles, desde que houve a privatização, a tarifa de energia naquele estado subiu 15,31%. Aqui, em Minas, a estatal Cemig elevou a tarifa em 23,19% no mesmo período. Ou seja, o reajuste da estatal foi quase 50% maior que o da empresa privatizada.

O que ninguém disse, mas fiz questão de debater, foi que, desde a privatização, o volume de investimentos da companhia privatizada mais do que dobrou e que, proporcionalmente ao faturamento, ele tem sido mais de quatro vezes superior aos realizados pela Cemig. E investimento em infraestrutura energética é o que Minas mais precisa para destravar o crescimento do Estado e permitir que milhares de novos negócios saiam do papel e se transformem em empregos e renda.

A Cemig precisa investir R$ 21 bi apenas para atender às demandas que já estão na fila e a previsão de investimentos para os próximos quatro anos é de R$ 6 bi. O Estado está falido e não tem condição de injetar os R$15 bi que faltam. Até quando vamos impedir investimentos, novos negócios e empregos no nosso Estado, por questões puramente ideológicas? Até quando vamos assistir o bem-estar dos cidadãos mineiros ser colocado em segundo plano por disputas políticas?

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