O que significa ser liberal por inteiro

24/01/2020 às 15:33.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:24

Sou liberal por inteiro. Sou liberal na economia e também nos costumes.

Na economia, defendo livre mercado, Estado enxuto, privatizações, empreendedorismo, respeito à propriedade privada, desburocratização, liberdade de exercício profissional, igualdade de oportunidades sem igualdade forçada de resultados e abertura comercial, na linha do ministro Paulo Guedes.

O Estado não deve acabar ou deixar quem precisa à própria sorte, mas tirar as amarras que dificultam o empreendedorismo e o trabalho, a história ensina, é o caminho mais eficiente para melhorar a vida das pessoas.

Nos costumes, sou favorável à liberdade de expressão, direitos iguais para todos, incluindo união civil e permissão de adoção por casais homoafetivos, descriminalização da maconha, direito de autodefesa e não interferência do Estado nas escolhas privadas dos indivíduos, inclusive quanto à educação dos filhos.

Que os cidadãos sejam tratados como adultos e que suas escolhas, não causando danos diretos a terceiros, sejam respeitadas, ainda que, sob meu ponto de vista, causem mal para eles próprios. Como creio que um embrião é um ser vivo e rejeito “venda casada ideológica”, sou contrário à legalização do aborto.

Defendo tudo isso independentemente de eu mesmo ser ou querer em minha vida cada uma dessas coisas. Apenas rejeito que minhas escolhas sejam impostas e forçadas pelo Estado a quem pensa diferente.

Esse não é um posicionamento unânime no meu partido, cujo presidente, João Amoedo, já se declarou “liberal na economia, mas conservador nos costumes”, mas no Novo há espaço para todos que defendem o liberalismo econômico, sejam eles liberais ou conservadores quanto aos costumes.

O liberalismo econômico no Brasil é tradicionalmente associado à direita. O dos costumes, à esquerda. Isso faz com que muitos tenham dificuldade em definir os liberais por inteiro, ora nos rotulando como direitistas ou esquerdistas. Outros nos acusam de estar em cima do muro.

Rejeito esses rótulos. Nós, liberais por inteiro, sabemos muito bem o terreno que ocupamos no campo político e estamos determinados a defender cada centímetro dele. O fato de a polarização agressiva que se instalou no Brasil ter levantado um muro no meio do nosso terreno não significa que devamos abandonar parte dele para viver em um dos lados.

É em nossa intransigência em abandonar parte de nossas ideias para nos adequar aos rótulos que desejam nos impor que reside nossa maior chance de contribuir para o futuro do país. Transitar por espaços de direita e de esquerda nos permite manter o diálogo com ambos os lados, a coerência com as ideias (e não com a pressão do momento) e viva a chance de termos uma sociedade menos polarizada e que coloque o bem-estar do cidadão, e não a aniquilação do “inimigo”, em primeiro lugar.

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