Um erro que custou muito caro a BH

17/08/2020 às 08:32.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:18

Gestão é coisa séria. Quando as coisas vão bem, é ela que dita o ritmo de crescimento e a sustentabilidade do negócio. Em tempos de crise, é ela que pode evitar que ele quebre. Gestão pública é mais sério ainda. Um gestor público tem a caneta para ditar as condições sob as quais todos os negócios operam. Em tempos de crise, então, a atuação do gestor público é decisiva.

BH vem vivendo falhas terríveis na gestão pública municipal durante a pandemia. Erros que começaram lá atrás: com a reabertura dos shoppings populares em detrimento de vários outros negócios, sem evidências ou critérios claros, até o fato das coletivas de reabertura não serem transmitidas de forma ampla para a população em canais oficiais e dos protocolos publicados de forma confusa e com atraso.

Cada falha custou caríssimo para a cidade. A mais recente colocou inúmeros negócios e o sustento de milhares de pessoas em risco: deixar de contabilizar os leitos da rede de planos de saúde para o cálculo da taxa de ocupação, que é requisito para a decisão de abertura ou fechamento das atividades na cidade, ignorando que 48,8% da população da capital possui um plano de saúde.

A informação sobre o percentual de habitantes com planos de saúde e a quantidade de leitos que eles possuem são públicas. Estão disponíveis na ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar. Faltou apenas o gestor lembrar disso. Foram quase cinco meses entre o fechamento do comércio e esse “detalhe” ser percebido e incluído no cálculo. Assim que isso ocorreu, a cidade pôde reabrir diversas de suas atividades.

Não é de se estranhar que tal falha tenha ocorrido, afinal, se estava difícil transmitir uma live pelo facebook desde o princípio, imagina lembrar esses dados na hora de formatar critérios de reabertura ou um protocolo sanitário?

Quem está pagando a conta dos erros da prefeitura são os cidadãos de BH. Comerciantes (alguns com quase quatro décadas de atuação, como a Loja Lua de Mel), que tiveram que fechar definitivamente as portas, inúmeros funcionários que perderam seus empregos, autônomos e informais que perderam renda e agora veem a qualidade de vida de suas famílias despencar. 

Levará bastante tempo para que BH se recupere desse erro. Os negócios que quebraram e os empregos que deixaram de existir não retornarão do dia para a noite. A maciça distribuição de cestas básicas feita pela prefeitura, que consome mais de 70% do gasto em combate à Covid na capital, apesar de importante para não deixar ninguém passar fome, está longe de substituir a chance de trabalhar e poder sustentar a família com o suor do próprio rosto sem depender dos caprichos de um governante.

(*) Deputado Guilherme da Cunha com co-autoria de Marcela Trópia, especialista em Políticas Públicas

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