Doar, ação de se tornar compatível

13/07/2018 às 19:49.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:24

Há 25 anos, Carlos José Olímpio de Oliveira descobriu que tinha insuficiência renal crônica. Na mesma época, a irmã dele se casou com Rodrigo Rodrigues Cunha e as coincidências, até então aparentemente irrelevantes, não param por aí.
Carlos, hoje com 54 anos, conviveu bem com a doença por muito tempo. Casado com uma farmacêutica, teve o cuidado da mãe e da mulher somado às suas especialidades profissionais, mas pouco a pouco, apesar dos cuidados, a doença avançou e os rins começaram a definhar até não serem mais autossuficientes.

Os médicos recomendaram então, antes que a doença se agravasse ainda mais, que se fizesse a diálise peritonial, um procedimento similar à hemodiálise, porém menos agressivo e com a facilidade de poder ser feito em casa em vez do hospital. 

A sala de televisão se transformou num estoque de materiais descartáveis e, mesmo com a facilidade, o risco de infecção era alto. O quarto passou a ser enfermaria e o procedimento, que antes era feito apenas uma vez por semana, tornou-se parte da rotina diária de Carlos. A alimentação ficou mais restrita e o corpo foi se tornando cada vez mais fraco. Os médicos acharam que era hora de um transplante de rim. 

Lembra do Rodrigo? E a doação? Mesmo antes de a necessidade bater a porta, Rodrigo, hoje com 48 anos, já havia se candidatado a ser o doador. Ele queria muito, parecia até ter um tipo de certeza, motivado e inspirado em Jesus Cristo: “Ninguém tem maior amor do que aquele que doa a sua vida pelos seus amigos. “ João 15.13. 

Antes de Rodrigo, os candidatos naturais se apresentaram: a irmã e o irmão de Carlos. Infelizmente, por motivos de saúde, não puderam doar. Rodrigo, apesar de ser apenas cunhado e ter chances mínimas, deu um passo à frente, fez os exames antes mesmo que os médicos pedissem, os dois eram compatíveis. 

Assim os dois passaram por uma bateria de exames para garantir a segurança do transplante. Foi necessário também entrar na Justiça e fazer o pedido de doação em vida e a doação aconteceu na última quarta-feira, 11 de julho. 
Muito além de um novo rim, Carlos e toda a família ganharam um novo coração. Um coração paciente, cheio de fé e esperança. Para os que não creem, foi o acaso que proporcionou todas essas coincidências, mas nós sabemos que estamos vivendo um milagre, uma doação de Deus, o grande e verdadeiro doador, afinal “uma pessoa só pode receber o que lhe é dado do céu. “ João 3.27

Tenho visitado todas as unidades de saúde de Belo Horizonte e sei que a saúde é prioridade para toda a nossa sociedade. Temos que dar máxima atenção à família. Os governos têm que entender que essa obrigação deve ser exercida com excelência máxima e meu papel será o de sempre fiscalizar e cobrar essa entrega eficiente.

O interessante é pensar quantos “Carlos” existem por aí precisando receber uma doação, seja ela qual for e isso só é possível quando novos “Rodrigos” derem outros passos à frente e se tornarem doadores acima de tudo de fé e esperança. Seja você também um doador. 

*Escrito em conjunto com Gabriella Rodrigues, filha do Rodrigo.


 

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