“Tão naturel quante a luz de die, mas que preguiçe boe, me deixe aqui atoe”. “Hoje ninguém vai estrage meu die”. Entendeu alguma coisa? Isso não é latim, só erro de português mesmo! Na verdade, é um trecho da música Céu Azul, do Charlie Brown Jr. em linguagem neutra.
E é esse o tipo de linguagem que já é adotada em muitas universidades, inclusive públicas, que alguns tentam empurrar nas escolas municipais de Belo Horizonte. Para mim isso, além de ridículo, é um crime!
A chamada linguagem neutra é uma ideia defendida por alguns grupos (esquerdistas) que afirmam que a Língua Portuguesa é preconceituosa e machista. Assim, os militantes visam uma mudança radical na norma culta do português. Isso, com a desculpa de promover a inclusão social e evitar o uso do masculino genérico no idioma. Mentira! A motivação por trás disso é atentar contra o gênero masculino e a família.
Vale a pena explicar que não faz diferença nenhuma mudar a vogal temática de substantivos e adjetivos pra ser “neutre”. Em português, a vogal temática na maioria das vezes não define gênero. Gênero é definido pelo artigo que acompanha a palavra. Exemplo:
O motorista. Termina em A e não é feminino.
O poeta. Termina em A e não é feminino.
A ação, depressão, impressão, ficção. Todas as palavras que terminam em “ção” são femininas, embora terminem com O.
Boa parte dos adjetivos da língua portuguesa podem ser tanto masculinos quanto femininos, independentemente da letra final: feliz, triste, alerta, inteligente, emocionante, livre, doente, especial, agradável, etc. Terminar uma palavra com E não faz com que ela seja neutra. Exemplo:
A alface. Termina em E e é feminino.
O elefante. Termina em E e é masculino.
É óbvio que a língua portuguesa não promove o machismo e a tentativa de neutralização de gênero não irá resolver esse problema. É por esse e outros motivos que votei favorável ao projeto de lei que tramita na câmara municipal que proíbe ensino dessa linguagem.
O maior estudo sobre educação do mundo, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), apontou que o Brasil tem baixa proficiência em leitura, matemática e ciências, se comparado com outros 78 países que participaram da avaliação. Cerca de 50% dos brasileiros não atingiram o mínimo de proficiência que todos os jovens devem adquirir até o final do ensino médio. O Pisa 2018 revela que os estudantes brasileiros estão dois anos e meio abaixo dos países da OCDE em relação ao nível de escolarização de proficiência em leitura.
Não dá para aceitar que, diante de números tão estarrecedores relativos à qualidade do ensino público no Brasil, haja espaço e tempo para debate de um tema tão execrável como esse. Nossas crianças não são objetos de pesquisa de militantes de esquerda.
A educação ocupa um lugar importante em nosso mandato e é por isso que irei trabalhar para que absurdos como esse sejam barrados na Câmara e que entidades públicas de ensino valorizem a norma culta da Língua Portuguesa. Precisamos estar atentos para preservar os direitos das nossas crianças e o acesso a uma educação básica qualificada.
*Escrito em parceria com o jornalista Leandro Jahel