Na rota corrida do metrô

06/09/2018 às 21:15.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:20

Na rota corrida do metrô, em seu balançar e som cadenciado, vejo muitos rostos iguais ao meu. Observo pessoas que comungam silenciosamente e desejam mais igualdade em preces veladas, em olhares críticos que revelam pensamentos que “mudamente” gritam no silêncio da mente pelo desejo de uma sociedade mais organizada e justa. Uma criança chora e me chama a atenção, revelando que ali há um ser humano que sonha um futuro melhor e diferente do que vive em seu presente.


O trem para e o abrir de portas desperta passageiros dormentes e revela olhares atentos e ressabiados, que observam quem sai e quem entra, demonstrando um grau de apreensão e desconfiança de um para com o outro, apesar de estarem no mesmo vagão. De certa forma próximos, eles se mostram distantes em sua individualidade e na pressão preocupante com horários a cumprir e coisas que lhes cobram o fazer.
 

Desço em meu destino, e a sensação que tenho, ao observar este mar de gente, é que o desejo de “vantagem pessoal” fala mais alto e prevalece sobre a organização e o coletivo. Uma correria de deixar o outro para trás invade o comportamento pessoal, ser o primeiro a escalar longas rampas, que friamente espremem todos mais uma vez, se torna destino e prioridade. O desejo de alcançar a rua vira um anseio interno, deixar aquela realidade, de encontrar em caminhada solitária, um breve deslumbre da liberdade de poder seguir seu caminho.

Mas enquanto caminham por rampa estreita acabam se chocando com a roleta, onde se prensam e se esmagam, impelidos pela ansiedade do horário a cumprir, pela falta do entender que alguns, segundo a mais ou a menos, pouco mudaria sua realidade, mas muito influenciara o estresse a sentir.


Viver o metrô em horário de pico é mais que entrar para ser transportado, é fazer milagre, basta se permitir ser atropelado, empurrado e, sem saber ou perceber como conseguiu, entrar mergulhado no mundo dos pensamentos e se desligar com o fechar das portas mais uma vez.

E ao observar quem disputa um centímetro do espaço alheio sem respeitar um milímetro do lugar do próximo, descobri que a disputa pelo poder pode ser de qualquer tipo, estar em qualquer lugar, algo que passa pela eliminação da percepção do direito do outro e pelo invadir do espaço alheio. 


Alguns tentam justificar tudo com uma palavra: pressa. Mas viver em comunidade é aprender a ver antes de tudo o outro e entender palavras simples, como trate o outro como a ti mesmo. Por este motivo me tornei advogado, para defender o direito alheio, por este motivo formei em teologia, para acolher, orientar e apoiar. Por este motivo hoje sou vereador. Poder fazer a diferença ao trabalhar tecnicamente e com seriedade, servindo as pessoas. Por um transporte digno, inclusivo e muito mais humanizado. #AcordaBH





 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por