Por que ele me tocou? Eu era só uma criança

30/08/2018 às 22:47.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:12

 Recentemente tivemos a aprovação da Lei municipal 11.076/2017 que visa combater o abuso sexual contra crianças e adolescentes e a pedofilia, com a cassação dos alvarás de funcionamento de casas de diversões, boates, casas de shows, hotéis, motéis, pensões, bares, restaurantes e estabelecimentos congêneres que permitirem a prática ou fizerem apologia, incentivo, mediação ou favorecimento à prostituição infantil ou à pedofilia em Belo Horizonte. Esse combate deve ser exercido de forma constante. Vejamos um relato emocionante de uma vítima deste crime:  “Cinco ou seis anos. Vestido rodado, fita prendendo a trança do cabelo. Braços finos, corpo miúdo e frágil, voz tão fina e suave quanto uma nota deixada no ar pelo canto de um pequeno pássaro. Ela brincava pelo quintal, corria sem preocupar com o tempo. Pela manhã, fingia não saber escovar os dentes só pra ter o gostinho de ter alguém cuidando dela. Amava quando amarravam seu cadarço e pensava que as meninas que tinham pai deviam se sentir muito felizes quando os delas faziam isso. Eram várias brincadeiras e pique-esconde era uma das suas preferidas até que... Um braço forte e uma grande mão envolveram seu pequeno abdômen. Um abraço. Sem carinho, sem amor, mas cheio intenções que ela nunca tinha conhecido. Assim como ela carregava as bonecas, e muitas vezes com pouco cuidado, agora eram seus braços que pendiam pra lá e pra cá, agora era sua barriga que era apertada e seus pés que balançavam. Não sabia a sensação de tocar em uma barba, afinal, não sabia o que era ter pai. Mas conheceu as alfinetadas daqueles pelos em suas bochechas que sempre ficavam irritadas. Não eram os beijos que protegiam, mas os beijos que ela só deveria ter experimentado com seus 15 ou 20 anos. Sua cabeça ficava confusa, não entendia porque era jogada longe quando ele ouvia algum barulho ou alguém aproximando. Se sentia descartável e não sabia ao certo o motivo. Nunca tinha feito mal a ninguém. Se ela contasse, brigariam com ela? Será que aquilo era certo ou errado?  Quando ela cresceu, cada detalhe de cada dia dos seus 5 ou 6 anos, era tão real quanto nos dias que aconteceram. Mas ela não tinha dor, não tinha marcas, não tinha traumas. O Deus que vê, que protege, que cuida, sempre foi seu Pai. Ele não permitiu que o passado interferisse nos dias felizes que Ele tinha preparado pra ela. Por incrível que pareça, ela vive como se nada tivesse acontecido. Os fatos poderiam ter chegado a estágios mais sérios, mas Ele estava lá por que era seu Pai. Hoje ela entende, depois de ter conhecido esse Deus, que Ele não tirou sua memória, mas também não permitiu que ela tivesse um coração ferido. Ele sempre esteve ao seu lado e tornou-se tudo o que um dia ela não teve”. Esse testemunho foi cedido à nossa coluna por uma moça que sofreu abusos na infância. Ela decidiu trazer palavras de vida a todas as mulheres e meninas que já tenham passado pela mesma experiência, como força para prosseguir e curar as feridas mais secretas. Seguimos buscando proteger nossas crianças. #peloseudireito #pelajustiça 

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