Quanto VALE uma vida?

09/07/2021 às 18:26.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:22

O rompimento de barragem em Brumadinho em 25 de janeiro de 2019 foi o maior acidente de trabalho no Brasil em perda de vidas humanas e o segundo maior desastre industrial do século. Foi um dos maiores desastres ambientais da mineração do país, deixando 270 mortos.

O deslizamento de lama da barragem de rejeitos denominada barragem da Mina Córrego do Feijão, controlada pela Vale, atingiu casas e propriedades rurais, obrigou moradores a deixarem a região e destruiu a área administrativa da mineradora. A tragédia atingiu o Rio Paraopeba, um dos afluentes do São Francisco, que ainda sofre com o impacto ambiental, sem precedentes. O impacto social, financeiro e ambiental ainda será sentido por muitos anos.

A Vale sabia, ao menos desde 2017, portanto dois anos antes do rompimento da barragem em Brumadinho, que a estrutura apresentava "situação crítica" e ocultava esses elementos do poder público, da sociedade e de investidores e acionistas da empresa. A informação consta na denúncia apresentada pelo Ministério Público de Minas Gerais contra o ex-presidente da Vale, Fábio Schvartsman, dez funcionários da mineradora e outros cinco da empresa de consultoria alemã Tüv Süd. Isso nos mostra que o ocorrido em Brumadinho não foi um acidente, mas um grave crime sem precedentes.

No dia 9 de junho deste ano, a Justiça do Trabalho condenou a mineradora a pagar indenização de R$ 1 milhão por danos morais para herdeiros dos 131 trabalhadores diretos mortos no rompimento. Um valor irrisório frente ao sofrimento da perda de um ente querido, na maioria deles, pais de família, provedores de seus lares.

Ainda assim, a empresa recorreu na última semana. A defesa da Vale afirma, no recurso, que a condenação de R$ 1 milhão por vítima é "absurdo". Barganha diante de um dano tão terrível ocasionado pelo descaso da empresa reforça a ganância e a insensibilidade da mineradora. A quantia por trabalhador morto é nada para a empresa que viu sua receita líquida anual subir 40,2% em 2020, para R$ 208,5 bilhões!

O rompimento da barragem ainda colocou em risco o abastecimento de água na Região Metropolitana de Belo Horizonte. No final de 2019 a Copasa e o Governo de Minas admitiram que, se uma nova fonte de captação não fosse construída, Belo Horizonte e região ficariam sem água já no início de 2020.

Desde então travei uma briga com a Vale para obrigar a empresa a construir uma nova fonte de captação. Como relator da CPI das Barragens da Câmara Municipal de BH realizamos visitas à Vale, várias reuniões na Copasa, acionei a Procuradoria Geral do Município e até o Tribunal de Justiça que obrigou a Vale a construir a nova fonte.

A previsão de entrega dessa obra é para esse mês. Continuo acompanhando, fiscalizando e lutando para que os danos causados pela Vale em nosso estado sejam, pelo menos, minimizados.

Uma vida vale mais que o mundo inteiro.

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