A disputa pelo voto conservador

29/08/2018 às 18:58.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:11

Na coluna publicada aqui no dia 7 de novembro último afirmei: “Tornou-se bastante plausível a presença no segundo turno da eleição presidencial de 2018 de um candidato de esquerda e de um candidato representante de uma direita conservadora, autoritária e que rechaça valores liberais...”. Essa plausibilidade só tem aumentado, desde então.

Na coluna do dia 17 de maio, mostrei que mais de 60% do eleitorado brasileiro têm preferências que vão do centro para a esquerda, enquanto o restante escolhe candidatos que se posicionam do centro para a direita do espectro político. Essas proporções têm se mantido razoavelmente constantes nas últimas eleições presidenciais.

Todavia, embora o campo progressista tenha tido nas últimas eleições presidenciais uma proporção de votos maior para disputar, essa disputa sempre foi mais acirrada do que no campo conservador. Portanto, é uma novidade que estamos vendo, agora, a disputa mais açulada pelo voto conservador. Geralmente, o campo conservador definia o seu candidato mais cedo. Não é o que vemos, hoje, a não ser que assumamos que Jair Bolsonaro seja esse candidato.

Boa parte dos analistas acreditava (parte ainda acredita) que Geraldo Alckmin iria para o segundo turno. Afinal, ele tem os elementos tradicionais que os estudos políticos costumam apontar como os mais importantes: estrutura partidária, tempo de TV, recursos financeiros e capilaridade em todo o território nacional. Só três partidos brasileiros têm isso: PT, MDB e PSDB. Só o primeiro, contudo, tem um candidato com bom desemprenho nas pesquisas eleitorais. Como a aliança formada por Alckmin vai lhe prover um enorme tempo de TV, é provável que consiga abocanhar uma fatia maior do eleitorado até o dia 7 de outubro. Todavia, o quadro não está muito animador para ele.

Um levantamento feito pelo site Poder360 mostra que uma análise das pesquisas feitas nos estados e no Distrito Federal, considerando os cinco principais candidatos à presidência (Lula, Bolsonaro, Marina, Ciro e Alckmin), o candidato tucano só não está na lanterninha em três. O tempo de TV terá que fazer a diferença como nunca antes para que o PSDB não passe pelo constrangimento de não ir sequer para o segundo turno de uma eleição presidencial desde 1994. Para piorar sua situação, há dois outros nomes com potencial para disputar o voto conservador: Álvaro Dias (principalmente no Sul) e João Amoêdo.

É possível que os tucanos paguem, em 7 de outubro, um alto preço político pelo golpismo de 2016. Haverá reflexos nas eleições em MG, onde estarão disputando votos dois dos mais relevantes atores políticos do golpe estamental: Aécio Neves e Antonio Anastasia. Alckmin conta com Anastasia, mas pode terminar lhe dando um abraço de afogado.

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