Deboche, Cinismo e Safadeza

07/02/2018 às 15:51.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:12

O que já estava ruim ficou muito pior! Ao deboche do juiz Marcelo Bretas, seguiu-se um festival de cinismo e revelações de safadezas de membros do Judiciário e do Ministério Público. Apenas adicionaram motivos para os cidadãos desconfiarem do sistema de justiça (segundo pesquisas feitas por organizações internacionais, como o Latinobarômetro e o Barômetro das Américas, a maioria absoluta dos cidadãos brasileiros não confia no Judiciário). O Dr. Moro justificou o ilegal auxílio-moradia dizendo tratar-se de uma compensação à falta de elevações salariais. Lascou tudo! A emenda ficou muito pior do que o soneto!

Seguindo-se o raciocínio do Dr. Moro (e do novo presidente do TJ-SP, que chegou ao escárnio de dizer que o valor do auxílio-moradia dos juízes é baixo, sendo este maior do que o salário de mais de 90% dos trabalhadores brasileiros), milhares de magistrados e membros do MP estão cometendo crime de sonegação fiscal e previdenciária. Depois da queda, o coice. Bem na cara do povo brasileiro! Afinal, se o auxílio-moradia é salário disfarçado, além de se cometer a ilegalidade de receber um benefício não previsto em lei e a ilegalidade de se buscar um mecanismo safado para burlar o teto de remuneração do funcionalismo público, ainda se está praticando sonegação de impostos e de contribuição tributária. Isso tudo em um momento no qual a base governista está tentando aprovar uma reforma previdenciária que irá fazer a camada mais pobre dos brasileiros trabalhar até morrer (pois tem uma expectativa de vida menor ou muito próxima do que a idade mínima que se está querendo impor a todos), entre outras maldades, bem como em um período de queda dos gastos com saúde e educação.

Para completar o estado de safadeza, a impressa divulga fortes indícios de que, no processo de compra de um apartamento que era propriedade de outro magistrado (alvo de acusações de abuso de autoridade), o Dr. Moro pode ter cometido - junto com o juiz que lhe vendeu o imóvel - mais um delito de sonegação fiscal, pois há dados a indicar que o valor registrado no processo de compra e venda foi bem inferior ao valor real. A revelação de tais indícios deveria provocar uma investigação do CNJ, não?

Talvez, se a corregedora do CNJ ainda fosse a Min. Eliana Calmon, muita coisa estivesse sendo desnudada, pois foi ela quem disse que, se as investigações sobre corrupção não chegassem ao Judiciário, elas não valeriam nada. Além de todas as safadezas explícitas do Judiciário e do Ministério Público, há ainda uma grande quantidade de acusações (muitas vezes, veladas) de venda de sentenças e outras tramoias. Abundam evidências de que o sistema de justiça (composto pelo Judiciário e pelo Ministério Público) é o mais corrupto poder da República! 

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