Democracia e Desenvolvimento Social

14/06/2017 às 15:44.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:05

William Churchill, que foi primeiro ministro britânico, dizia que “a democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas”. De fato, se olhamos os rankings das sociedades com níveis mais elevados de desenvolvimento humano e de felicidade, vemos que são todos países democráticos.

Outro britânico, o sociólogo Thomas Marshall, publicou em 1950 um importante livro intitulado “Cidadania e Classe Social”, no qual propunha a hipótese de que um regime democrático naturalmente leva ao desenvolvimento social, à universalização dos direitos econômicos e sociais, sedimentando, assim, um processo de constituição da cidadania. Essa hipótese foi, algumas décadas depois, aperfeiçoada por um sociólogo dinamarquês, Gosta Esping-Andersen, que propôs que a democracia só levaria à formação da cidadania, com a universalização de direitos econômicos e sociais, quando grupos políticos progressistas, com compromissos profundos com a busca da equidade, chegassem ao poder e nele permanecessem por um período relativamente prolongado de tempo. Foi assim em vários países da Europa. Na Suécia, por exemplo, o partido socialdemocrata ficou décadas ininterruptas no poder, na segunda metade do século passado e, assim, transformou por completo aquele país. Nos EUA, o democrata Franklin Delano Roosevelt criou o Programa New Deal, ficando no poder durante 12 anos seguidos, levando os EUA a se tornarem uma sociedade de classe média, com nível elevado de desenvolvimento social.

Pesquisas comparativas nos permitem ver que a hipótese de Esping-Andersen também parece ser válida para entendermos os países Latino-Americanos. Onde partidos ou coalizões progressistas comprometidos com a democracia chegaram ao poder (como nos casos da Argentina, da Bolívia, do Brasil, do Chile e do Uruguai), houve um significativo processo de desenvolvimento social, no passado recente. Onde apenas partidos ou coligações conservadoras governaram (como no caso da Colômbia e do México), não ocorreu um significativo processo de desenvolvimento social.

Portanto, não basta a existência de um regime democrático. É necessário, também, um compromisso político com a equidade, com a universalização de direitos, com a construção da cidadania. Isso, contudo, se torna cada vez menos frequente no mundo atual, inclusive na América Latina, onde uma série de retrocessos sociais tem sido implementada, em alguns casos imposta por processos políticos de caráter não democrático, como ocorreu no Paraguai em 2012 e no Brasil em 2016. A crise da democracia que se observa no hemisfério ocidental levará inevitavelmente a uma séria crise social! Esse tema precisará ser melhor trabalhado.

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