O ensino médio no Brasil

13/06/2018 às 17:38.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:35

No último final de semana, acompanhei um interessante debate na TV sobre a educação pública no Brasil, em particular no ensino médio. Um dos participantes é um rapaz egresso de um Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IF), que havia ganhado prêmios internacionais. Pelo que vi no debate, uma novela estaria buscando promover a educação pública no Brasil. O diretor da novela participou do debate e tocou num ponto central, que é a diversidade existente em escolas públicas. O mesmo rapaz referido acima também tocou nesse ponto.

A educação é problemática, no Brasil. E não só a pública, a privada também. Mesmo nas escolas privadas, a esmagadora maioria das crianças e dos adolescentes passa apenas meio expediente na escola e é exposta a um currículo extremamente conteudista e que não estimula a criatividade e a inovação. 

No fundo, as escolas privadas empurram para as famílias a maior parte do custo pelo aprendizado dos alunos. Ou seja, no fundo, o desempenho superior dos alunos das escolas privadas se deve fundamentalmente ao nível socioeconômico mais elevado das famílias dos alunos e dos maiores investimentos pecuniários e não pecuniários feitos por essas famílias.

Dentro do problemático sistema educacional brasileiro, o ensino médio é a pior parte. Há quase dois anos, foi feita uma reforma que, acredito, terá como efeito de longo prazo a elevação da desigualdade de desempenho educacional com base no nível socioeconômico das famílias. A reforma institucionalizou mecanismos de segmentação do ensino médio (consequência da flexibilização curricular proposta) que, como demonstra Samuel Lucas (da Universidade da Califórnia-Berkeley) e outros pesquisadores, leva a uma elevação da desigualdade de resultados educacionais. Durante a década passada e início desta, talvez pela primeira vez no Brasil, a educação estava começando a colaborar com a redução da desigualdade. A reforma levada a cabo há dois anos ameaça desconstruir um processo virtuoso de redução da desigualdade educacional.

A solução para a educação no Brasil está na valorização da educação pública. A valorização da educação pública no ensino médio passa pelo reconhecimento da relevância da diversidade (Morgan e Sorensen, da Universidade Harvard, mostraram a importância disso nos EUA) e pela valorização da carreira do professor. 

O rapaz egresso de um IF que citei acima ressaltou em sua fala a importância de ter tido a oportunidade de estudar com professores com dedicação exclusiva e com formação em níveis de mestrado e doutorado. Nas escolas federais de nível médio talvez a maioria dos docentes tenha tais características. Assim, não seria nada barato, mas talvez a federalização do ensino médio seja um passo desejável para o Brasil.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por