A bela e o general

23/06/2021 às 08:38.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:14

Em tempos de crise, como o que estamos vivendo, crescem os boatos de que os concursos vão acabar. Eu “já vi esse filme” em vários governos. Não acredite nisso. 

O próprio vice-presidente admitiu a carência de recursos humanos para a fiscalização ambiental. As palavras do General Mourão, reconhecendo essa necessidade de pessoal no Ibama, me fez lembrar de uma estória que eu conto a meus alunos para memorizarem os direitos fundamentais, previstos no artigo 5º da Constituição. Vejamos:

Aquele senhor, já viúvo há muitos anos, vivia em solidão no seu sítio, esquecido pelos filhos e netos. Seu único prazer era cuidar dos seus passarinhos. E, por ser de uma antiga geração, jamais entrará na sua cabeça que manter pássaros em cativeiro é crime.

Mas eis que um dia chegou ao sítio uma jovem fiscal do Ibama. Apesar do traje discreto, ela não conseguia esconder a estonteante beleza. E o senhor José (vamos assim chamá-lo) não conseguia esconder a admiração.

Enquanto ela fazia os procedimentos de fiscalização, o senhor José puxou assunto, no que foi correspondido educadamente. E ele aproveitou para ver que a jovem não trazia nenhuma aliança na sua mão direita. E o encanto aumentou ainda mais.

Indiferente aos sentimentos do senhor José, a fiscal concluiu seu trabalho e apreendeu os passarinhos. E ele protestou: 
– Meu único prazer é cuidar dos meus passarinhos. Como eu vou viver sem eles?
E a fiscal respondeu: “Viva livre igual seu passarinho”.
Agora – leitor ou leitora – observe as letras iniciais da frase dita pela fiscal: “v”, “l”, “i”, “s” e “p”. São as mesmas iniciais dos direitos fundamentais previstos na constituição Federal: vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade.
– E o que isso tem a ver com o Senhor José, que vivia em solidão e se encantou pela jovem e bela fiscal do Ibama?
Eh! Sempre há um aluno para me perguntar isso.
– Não tem nada a ver. Isso foi só um recurso didático para você prestar atenção na aula (e, desta vez, na leitura). A pedagogia é assim: às vezes precisamos florear os dados com elementos atrativos. Porque eu garanto: você jamais se esquecerá dessa frase da bela fiscal. E, por consequência, não esquecerá os nossos direitos fundamentais.

Se você chegou ao final desse texto com a impressão de que eu fiz hora contigo... bem... a intenção foi boa. Porque as minhas aulas são assim: cheias de “causos”. E os alunos aprendem para muito além da prova. Aprendem para a vida. 

A todos eu desejo bons estudos.

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