Dia dos Pais diferente

12/08/2020 às 11:42.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:16

Desejo que todos os meus leitores e alunos tenham tido um ótimo dia dos pais. Afinal, é uma data para renovar a generosidade com quem sempre te dedicou carinho, proteção, cuidado e afeto.

É claro que existem pais de mau caráter. Mas também existem filhos “sem coração”. Em geral, eles se tornam assim por causa da alienação parental que, num conceito simplificado, são as intrigas de um dos pais contra o outro, formando na mente dos filhos uma imagem desfavorável, desde a infância.

Tenho um amigo, advogado e concurseiro inveterado, que vivenciou essas intrigas. Inicialmente as intervenções a favor dos filhos pareciam “coisas de mãe”. É por isso que ele não se importava quando a esposa, às vezes chorando, manifestava a indignação pelo pai ter negado um sorvete ao filho, que acabara de ter febre.

- Você não pode falar “não” para as crianças!

- Mas eu disse “não” e expliquei o motivo. As crianças entendem isso. 

- Mas eu não quero que “meus filhos” ouçam “não”! 

Isso mesmo: como prenúncio da alienação parental, ela já falava “meus” em vez de “nossos filhos”.

No início da adolescência dos filhos a imagem desfavorável do pai já estava cristalizada. Ele era tido como violento sem nunca ter praticado violência.

Era tido como opressor porque as gentilezas e os conselhos dele eram entendidos como opressão.

Mesmo assim, ele seguia dedicado aos filhos. Não se limitou a pagar as melhores escolas. Isso qualquer pai de posses faria. Indo muito além disso, ele comparecia frequentemente ao colégio para colaborar no desenvolvimento dos filhos. 

Sua presença escolar era tão participativa que foi convidado a fazer uma palestra para os alunos adolescentes. E falou sobre bullying, relações afetivas, sexualidade, frustrações, sonhos e futuro. 

Mas, cedo ou tarde, o divórcio viria. E seria compreensível que os filhos tomassem partido contra aquele que eles julgavam como possuidor de todas as falhas, e sem nenhuma virtude. E veio o dia dos pais. Mas dessa vez foi diferente.

Em vez de ganhar presentes por mera formalidade, esteve na companhia de crianças. Foi homenageado e recebeu presentes que superaram o simples cumprimento de um dever. Sentiu-se verdadeiramente um pai.

Atendendo os anseios de estudantes de várias idades, que queriam ouvi-lo, ele foi além das palavras para anunciar que, sem esquecer a sua condição de professor, decidiu voltar à de aluno e se preparar para dois concursos disputadíssimos: o da Magistratura e o da Carreia Diplomática.

E não duvidem. Ele vai chegar lá. A todos, de modo especial a esse pai concurseiro, desejo bons estudos.

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