Eu... Por Exemplo ...

07/08/2018 às 23:23.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:49

A tropa estava formada para amais uma missão de policiamento no Mineirão em dia de clássico. O oficial de maior patente aproveitou para lembrar que, em breve, o Batalhão receberia mulheres de variados postos e graduações.

– A missão de hoje – lembrou o capitão – é daquelas em que nos deparamos com pessoas despudoradas, que não pensam duas vezes ao pronunciar palavrões. Sejamos firmes, mas também tolerantes com esses torcedores. Afinal – concluiu o comandante da missão – quem nunca pronunciou um palavrão?


Em seguida ele exortou a todos a uma mudança de hábitos, em homenagem ao corpo feminino que estava para chegar:


– Em breve teremos colegas que podem ser nossas irmãs, nossas esposas, nossas filhas e nossas mães. Então, sejamos cuidadosos com a linguagem. Elas enfrentarão missões como a de hoje. E estarão preparadas para atuar com firmeza e, ao mesmo tempo, compreensivas com as emoções futebolísticas. Mas, no dia-a-dia com elas, redobremos o respeito que o gênero feminino merece. 


Passaram alguns dias e um grupo de professoras compareceu ao quartel para pedir uma equipe que pudesse palestrar sobre o Dia do Soldado. No dia seguinte à visita, o mesmo Capitão mandou a tropa entrar em forma:
- Eu falei grego! Não adiantou nada falar sobre o respeito às policiais !

Depois de um silêncio o oficial continuou:

– Quem viu aquelas professoras que estiveram aqui ontem?

– Eu, eu, eu – ecoou pela tropa.

– Pois é. Uma delas presenciou um “sacatrapo” urinando no banheiro sem fechar a porta! O idiota que fez isso tem razão, né?! Eu disse para que tenhamos cuidado na linguagem, mas não falei nada sobre fechar a porta do banheiro, né?!

A preleção não podia ser encerrada sem esta clássica pergunta:

– Qual foi o indecente que fez isso?

Um policial que imitava todos sem ofender, por isso era admirado pelos pares e pelos oficiais, pronunciou ao fundo da tropa, com uma longa reticência:

–- Eu...

Os oficiais olharam com surpresa. Afinal, a preleção era necessária, mas a identificação do autor era tida por impossível.

- Eu... por exemplo... não sou.



 

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